Saúde de concreto

Renan Filho deixa fechar dois hospitais, após anunciar sete novos

Dois hospitais fecham 6 dias após anúncio milionário de Renan

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Seis dias após a assinatura do edital de licitação para construção do Hospital da Mulher do Estado, em Maceió, ao custo de R$ 90 milhões, o governador Renan Filho (PMDB) teve que lidar com o fechamento do Hospital Escola Hélvio Auto e da Maternidade Santa Mônica, para novos atendimentos, porque faltaram de luvas, seringas, até esparadrapo comum e medicamentos básicos para tratamento. Servidores protestaram na última quarta-feira (30), e o Governo Estadual ainda luta, nesta sexta-feira (2), para regularizar os serviços.

O vexame põe à prova as prioridades de Renan Filho, cujo governo demonstra falta de capacidade para manter abertos os leitos já existentes, enquanto o governador cumpre agenda para jogar holofotes no que tem chamado de “maior investimento da saúde pública de Alagoas”, com previsão de construir um total de sete hospitais na capital e no interior.

O crescimento acumulado de 14,35% na arrecadação de ICMS de janeiro a novembro deste ano, comparado ao ano passado, demonstra que o problema dos hospitais não pode ser atribuído à crise. É um problema claro da gestão de um governo que preparou seu orçamento em 2015 e lida com o desabastecimento frequente de medicamentos e insumos ao longo de 2016.

Aviso no Hélvio Auto (Reprodução: TV Gazeta)Desrespeito

Pacientes com doenças graves e contagiosas, como IHV, tuberculose e outras infecções deram com a porta fechada, no Hélvio Auto, especializado no tratamento de problemas infectocontagiosas, bem como acidentes com animais peçonhentos. Lá, 20 itens básicos e fundamentais para o atendimento e a segurança de profissionais e pacientes estavam faltando.

Ainda faltavam oito desses itens na manhã desta sexta. Situação que vem ocorrendo com frequência, de acordo com servidores, que se esforçam para tentar encaminhamento de novos pacientes para outras unidades, enquanto a unidade não reabre.

A Maternidade Santa Mônica, unidade que atende gestantes de alto risco, também fez redução de atendimento, pela mesma falta do básico. A unidade é a que Renan Filho reabriu no início de seu governo chamando de "nova" e teve de fechá-la dias depois, porque houve infiltração no prédio reaberto com obra inacabada, o que pôs a vida de gestantes e bebês em risco.

Confiante no uso das organizações sociais (OSs) na gestão dos novos hospitais, Renan Filho anunciou centenas de novos leitos. Enquanto isso, há 26 novas unidades de cuidados intensivos (UCIs) neonatais desocupadas na Santa Mônica, por falta de profissionais da saúde.

A Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) e a Universidade Estadual de Ciências da Saúde (Uncisal), responsáveis pelas unidades, informam em nota que estão atuando, desde a quarta, para normalizar o atendimento prestado pela Maternidade Escola Santa Mônica (MESM) e o Hospital Escola Hélvio Auto (HEHA). Nenhuma palavra sobre as causas do problema ou desculpas públicas pelo descaso.

Enfim, a doença da rede hospitalar alagoana não deverá ser curada com “o maior investimento da história da saúde pública de Alagoas”. Mas com o zelo pela aplicação eficaz de cada valioso centavo, por gestores mais atenciosos que ambiciosos.Falta até esparadrapo e itens básicos no Hélvio Auto e na Santa Mônica (Reprodução TV Gazeta)

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