Operação Politéia

Renan diz que PF usou 'métodos que beiram a intimidação'

Operação fez buscas em endereços de três senadores nesta terça

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O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), leu nesta noite em plenário nota em que criticou a ação da Polícia Federal, realizada mais cedo que, no curso da Operação Lava Jato, realizou buscas e apreensões nas dependências de três senadores: o ex-presidente Fernando Collor (PTB-AL), o presidente do PP, Ciro Nogueira (PI) e o ex-ministro de Dilma Fernando Bezerra (PSB-PE).

No caso de Collor, a PF apreendeu um Porsche, uma Ferrari vermelha e um Lamborghini na Casa da Dinda, residência particular usada pelo ex-presidente.

"Todos são obrigados a prestar esclarecimentos à Justiça, notadamente os homens públicos, já que nenhum cidadão está acima da Lei", disse Renan. "Entretanto, causa perplexidade alguns métodos que beiram a intimidação", acusou.

Segundo Renan, a busca e apreensão nas dependências do Senado tem de ser acompanhada pela Polícia Legislativa. Ele classificou ações desse tipo – sem a exibição da ordem judicial pela PF – como "invasão". "São uma violência contra as garantias constitucionais em detrimento do Estado Democrático de Direito", criticou.

O presidente do Senado disse considerar "imperioso assegurar o respeito ao processo legal, ao contraditório, para que as defesas sejam exercidas em sua plenitude, sem nenhum tipo de prejuízo ou restrição". "As instituições, entre si independentes, precisam estar atentas e zelosas ao cumprimento e respeito aos limites legais estabelecidos na Constituição Federal para que não percamos garantias que foram duramente reconquistadas", afirmou.

Desde cedo, a cúpula do Senado tem se reunido para discutir a melhor forma de reagir à ação da Polícia Federal, que consideraram arbitrária. Essa é uma disputa antiga, uma vez que a PF alega que não precisa pedir autorização para cumprir ações de força dentro dos ambientes do Congresso ou em residências oficiais.

O teor da nota, que foi discutido com senadores próximos a Renan, omite o nome do procurador-geral da República, Rodrigo Janot. É ele quem conduz as investigações contra as autoridades com foro no Supremo Tribunal Federal (STF) e que está em campanha para ser reconduzido para o cargo – seu mandato se encerra em setembro. (AE)

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