FISIOLOGISMO RESISTE

Renan banca o oposicionista, mas mantém afilhados no governo Temer

Ele age como opositor, mas não devolve os cargos que indicou

acessibilidade:

Mesmo depois de assumir de vez a postura de oposição ao presidente Michel Temer (PMDB), sugerindo apoio às violentas manifestações de incendiários do patrimônio público na Esplanada dos Ministérios, nessa quarta-feira (24), o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) critica reformas, mas ainda mantém os cargos que indicou no Governo Federal. Sem concluir a reforma de seu próprio posicionamento político, o ex-presidente do Senado mantém boquinhas com que Temer o alimenta politicamente, em Brasília e em Alagoas.

O fato é que Renan volta a navegar por mais uma turbulenta crise com um pé em cada canoa, porque não se sustenta politicamente sem o fisiologismo sobre o qual ergueu sua carreira política, hoje decadente. Mesmo antecipando a campanha de 2018, Renan não tem condições de se reeleger, no atual cenário em que é réu acusado de crime de peculato e multinvestigado pela Operação Lava jato, no Supremo Tribunal Federal (STF).  

Temer sustenta rede política de rival (Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr)Renan quer ganhar credibilidade de seu eleitor, das centrais sindicais e da opinião pública, pronunciando palavras duras contra o presidente da República, no momento mais crítico e de fragilidade do governo do PMDB, que ainda insiste em liderar no Congresso. Mas, até este momento, preserva, em Brasília, cargos que pediu a Michel Temer para afilhados como o ex-senador paraense, Luiz Otávio Campos, secretário de Portos, no Ministério dos Transportes.

Em Alagoas, também na pasta dos Transportes, é do rebelde Renan a indicação de Roosevel Patriota Cota, superintendente Regional do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes em Alagoas (DNIT).

Entre outras indicações que mantém, via parlamentares e aliados, Renan também não entregou os cargos do superintendente da Companhia Nacional de Abastecimento em Alagoas (Conab), Elizeu José Rêgo. E ainda divide com o deputado federal Paulão (PT-AL), a indicação do gerente executivo do INSS, Edgar Barros dos Santos, e do diretor-presidente da Eletrobras Alagoas, Cícero Vladimir de Abreu Cavalcanti; este último um técnico e funcionário de carreira, que obteve o aval de Renan para permanecer no cargo.

Renan parece apostar que Temer não terá força para permanecer no cargo a tempo de reagir contra seu jogo duplo. Mas talvez fosse mais convincente, quanto o perfil ético que tenta passar em sua retórica, se abrisse mão da estrutura política dos cargos que ainda lhe foram concedidos pelo presidente a quem critica. Porque o trabalhador que ele diz defender pode não compreender a mensagem, se o senador não iniciar a reforma de seu próprio posicionamento político.

O Diário do Poder perguntou à assessoria de imprensa de Renan sobre a entrega dos cargos, mas a resposta foi de que o senador não foi localizado.

Reportar Erro