Corporativismo ‘pune’ com suspensão acusado de assédio moral e sexual
Corporativismo pega leve com cônsul acusado de assédios moral e sexual
Denunciado há mais de um ano na coluna Claudio Humberto, do Diário do Poder, por assédios moral e sexual contra funcionários do consulado-geral em Sidney, na Austrália, o embaixador Américo Fontenelle apenas foi alvo no Ministério das Relações Exteriores de uma punição mínima: suspensão de 90 dias ?em função de descumprimento dos deveres funcionais?. O ato, produto de vergonhoso corporativismo, foi publicado nesta quarta-feira (11) no Diário Oficial da União.
A punição, além de branda, demorou a sair e nem por isso o Itamaraty se dignou a explicar. A sanção só surgiu depois que o Sinditamaraty deu prazo de dez dias para que o corregedor responsável pelo caso, o embaixador Heraldo Póvoas Arruda, explicasse a demora em concluir o processo, instaurado no dia 6 de maio de 2013.
Fontenelle foi alvo de idênticas acusações quando chefiou o consulado-geral do Brasil em Toronto (Canadá), na época em que o ministro das Relações Exteriores era Celso Amorim, que não o puniu. Quando foi denunciado por assédios moral e sexual contra subordinados no consulado-geral em Sidney, o processo investigativo demorou a sair, em razão da conhecida atitude medrosa do então chanceler Antonio Patriota. Agora, com o Itamaraty sob a chefia do atual ministro Luiz Alberto Figueiredo, esperava-se uma atitude finalmente dura da Casa, punindo exemplarmente o diplomata, conhecido por sua arrogância por se jactar, aos gritos,
perante subordinados que humilhava, de desfrutar da amizade e da proteção de figurões do PT, como o presidiário José Dirceu, ex-chefe da Casa Civil do governo Lula.
A demora em afastar Fontenelle não se deu apenas pelo atraso na conclusão do Processo Administrativo Disciplinar (PAD), mas, também, na comissão aberta para investigar a denúncia de assédio. Presidida pelo embaixador Antônio José Rezendo, a comissão teve prazo encerrado, concluído e depois prorrogado, mantendo Fontenelle no limbo, mas impune, por todo este tempo.