Difícil participação

PSDB ainda discute papel em eventual gestão Temer

O tema divide a legenda e ameaça acabar com a frágil unidade tucana em torno do impedimento

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Após a aprovação do pedido de admissibilidade do impeachment na Câmara, o PSDB, maior partido de oposição, terá de enfrentar um debate que já se anuncia difícil: a participação em um eventual ministério no governo Michel Temer (PMDB).O tema divide a legenda e ameaça acabar com a frágil unidade tucana em torno do impedimento. Principal interlocutor tucano com o vice-presidente Michel Temer, o senador José Serra deve ser convidado para ocupar uma pasta de peso caso Dilma seja mesmo afastada. Segundo aliados de Temer, o vice gostaria de contar com ele na Saúde.

A maior parte da bancada tucana na Câmara, e parte da executiva e dos governadores do partido, porém, resistem à ideia. A avaliação é que uma participação orgânica do PSDB no governo tornaria a sigla "sócia" de um governo que terá pela frente uma forte agenda negativa por causa da crise econômica. Essa aliança poderia comprometer as chances eleitorais do PSDB em 2018.

"O PSDB quer dar sustentação ao governo. Acho que a tendência é que esse apoio não esteja condicionado à participação em um eventual governo Temer", prevê o ex-deputado José Aníbal, presidente do Instituto Teotônio Vilela, braço teórico do PSDB.

Uma saída citada por peemedebistas e políticos próximos a Serra é que a indicação dele fosse parte da cota pessoal de Temer. O mesmo poderia acontecer com outros tucanos que fossem chamados a participar da gestão. "Os quadros do PSDB têm de participar do governo. O partido não pode fugir da sua responsabilidade. Seria um oportunismo infantil não participar. E, se não der certo, vamos pagar o pato também", diz o ex-governador Alberto Goldman. Aliado de Serra, ele é membro da direção executiva nacional do partido.

Essa avaliação é compartilhada por aliados de Geraldo Alckmin, que pretende disputar as eleições de 2018. "O governo Temer começará mal se fizer qualquer convite sem falar com o PSDB. Não vamos admitir que o PMDB faça conosco o que o governo Dilma fez com eles", pontua o senador Cássio Cunha Lima (PA).

Em caráter reservado, um deputado tucano do alto clero partidário lembra que a ação do PSDB pela cassação da chapa no TSE, que até o começo do ano era o foco central da estratégia do partido, é irrenunciável. Ou seja, um ministro do PSDB terá de responder sobre a coerência de cassar um presidente que é seu chefe. (AE)

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