Lava Jato

Prova com base em ilação é da Idade Média, afirma Dilma

Ela diz que só decidirá destino de ministros após investigação

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A presidente Dilma Rousseff afirmou nesta terça-feira, 30, durante entrevista à imprensa na Casa Branca, nos Estados Unidos, que vai aguardar a apuração dos escândalos de corrupção na Petrobrás para avaliar se demite ou não os ministros-chefes da Casa Civil, Aloizio Mercadante, e da Comunicação Social, Edinho Silva. Em sua fala, Dilma afirmou que "ilações" de delatores não são provas, criticou o que chamou de "vazamento seletivo" dos autos dos processos de investigação da Polícia Federal e do Ministério Público e defendeu o direito de defesa dos envolvidos no caso. 

"Nunca demiti ou nomeei ministros pela imprensa. Vou aguardar toda a apuração dos fatos para avaliar a situação", respondeu Dilma, ao ser questionada se vai demitir Mercadante e Edinho.

Os ministros foram acusados pelo presidente da UTC Engenharia, Ricardo Pessoa, em delação premiada, de terem recebido da empreiteira doações ilegais para as campanhas eleitorais de Mercadante ao Governo de São Paulo, em 2010, e de Dilma, em 2014, da qual Edinho foi tesoureiro. 

A presidente defendeu que é necessário que todos tenham acesso aos autos dos processos de investigação, para que os acusados possam se defender. "O governo brasileiro não tem acesso a todos os autos. Estranhamente há um vazamento seletivo", criticou. Dilma afirmou que é preciso ter "maior respeito" pelo direito de defesa e "por uma coisa que se chama: só se condena quando se prova". Para ela, as provas devem ser compostas por fundamentos, "e não simplesmente por ilação". "Isso é um tanto idade média", criticou. 

Ao lado do presidente Barack Obama, Dilma destacou ainda que a Petrobrás não é uma empresa sob judice e, sim, uma companhia "em pleno uso da sua atividade". Ela ressaltou que a empresa tem atualmente mais de 90 mil funcionários e que os supostos delitos investigados foram cometidos por apenas alguns deles. "Portanto, tem de haver responsabilização daquele que cometeu, para depois saber o que vai acontecer nos processos em relação à empresa", defendeu. (AE)

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