Lava Jato

Propina na Petrobras vem desde 1978, diz ex-gerente

Delator conta que, desde que entrou na estatal, 'ouvia falar' de verba indevida

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Eduardo Musa, ex-funcionário da Petrobras, e um dos delatores da Operação Lava Jato, afirma que o pagamento de propina na mais importante estatal do País é quase 40 anos anterior à deflagração da maior operação da Polícia Federal contra corrupção. Em delação premiada, Musa contou que trabalhou na companhia entre 1978 e 2009.

A Lava Jato investiga um esquema de corrupção que teria se sistematizado na Petrobrás entre 2004 e 2014. Durante este período, grandes empreiteiras do País, cartelizadas, pagaram propinas a dirigentes e gerentes da estatal. Executivos da Camargo Corrêa, o ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás Paulo Roberto Costa, o ex-gerente de Engenharia da companhia Pedro Barusco, o doleiro Alberto Youssef e os operadores financeiros Julio Camargo, Mário Góes, Shinko Nakandakari são alguns dos delatores que confessaram o esquema na companhia.

Eduardo Musa declarou à força-tarefa da Lava Jato que entrou na Petrobrás em 1978, por meio de concurso público. O executivo disse que ficou na companhia até janeiro de 2009. Ele contou que em 2003 perdeu o cargo que ocupava na gerência geral de Gás e Energia e foi trabalhar na área de Exploração e Produção.“Desde que entrou na Petrobrás se ouvia falar do pagamento de vantagem indevida nas mais diversas áreas, mas somente em 2006 o declarante começou a tomar conhecimento de forma direta”, declarou Eduardo Musa.

Entre 2003 e 2006, Eduardo Musa afirma ter trabalhado na BR Distribuidora. De 2006 até se aposentar, ele relatou ter sido gerente-geral da área Internacional.

Musa não chegou a ser preso pela Lava Jato. Enquanto esteve na Diretoria Internacional da Petrobrás, trabalhou sob o comando de dois ex-diretores que estão detidos em Curitiba – sede das investigações de corrupção na estatal -, Nestor Cerveró e Jorge Zelada. A área era uma cota do PMDB no esquema de fatiamento político das diretorias da estatal para arrecadação de propina sistematizado a partir de 2004.

Em sua delação, Musa declarou que um contrato de US$ 1,6 bilhão assinado pelo Grupo Schahin com a Petrobrás, entre 2006 e 2007, para operação do navio-sonda Vitoria 10000 fez parte da quitação de uma dívida de campanha do PT com a empresa referente à campanha eleitoral de reeleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O ex-gerente disse ainda ter ouvido que “quem dava a palavra final” em relação às indicações para a Diretoria Internacional da Petrobrás era o presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ). (AE)

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