Valores extraordinários

Propina de Cabral está entre as maiores da Lava Jato

Pelo menos US$ 78 milhões foram repassados a ex-governador do Rio

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O ex-governador do Rio de Janeiro preso na Operação Lava Jato, Sérgio Cabral (PMDB), recebeu um dos maiores valores em propina, como apontam as investigações. O peemedebista teria recebido US$ 78 milhões ao longo de seus dois mandatos como chefe do Executivo e também como deputado e senador. Desse total, ao menos US$ 16,5 milhões foram repassados pelo empresário Eike Batista.

Antes das revelações da Operação Eficiência (que envolve Eike), a Calicute – outra fase da Lava Jato, deflagrada em novembro de 2016 -, já havia identificado a mesada de R$ 850 mil para Cabral, bancada por duas empreiteiras, Andrade Gutierrez e Carioca Engenharia.

No ranking das propinas, a fortuna atribuída a Cabral não faz feio perante os ativos supostamente destinados a outros acusados da Lava Jato, como ao ex-gerente de Engenharia da Diretoria de Serviços da Petrobras Pedro Barusco. Um dos delatores da maior investigação já desfechada contra a corrupção no País, ele confessou ter recebido US$ 100 milhões em propinas no exterior.

Eduardo Cunha (PMDB), ex-presidente da Câmara, preso em Curitiba, em apenas uma ocasião – operação de navio sonda da Petrobrás – recebeu US$ 5 milhões, segundo o delator Julio Camargo. Em outra oportunidade, o peemedebista teria sido um pouco mais modesto, ficou com US$ 1,5 milhão na compra de campo de exploração de petróleo de Benin, na África.

Em outras frentes de investigação, Cunha aparece como o artífice de um ousado esquema de propinas via incentivos repassados a grandes companhias pelo FI-FGTS da Caixa. Segundo um delator, o ex-deputado teria recebido pelo menos R$ 15 milhões em apenas algumas transações identificadas.

Quando requereu ao Supremo Tribunal Federal o afastamento de Eduardo Cunha da presidência da Câmara, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirmou que ele recebeu R$ 52 milhões da empreiteira Carioca Engenharia.

O peemedebista nega qualquer ato ilegal e captação de valores ilícitos.

Por seu lado, o ex-dirigente da estatal petrolífera Jorge Zelada mantinha 11,6 milhões de francos suíços em uma conta em Monaco. Ele está preso e até aqui não fez delação premiada.

Nestor Cerveró, que comandou a Diretoria Internacional da Petrobrás, fechou acordo de colaboração e entregou US$ 17 milhões que mantinha em contas na Suíça, valor já repatriado.

Outro ex-diretor da estatal, Paulo Roberto Costa (Abastecimento, onde se instalou o primeiro foco das fraudes na Petrobrás), foi o pioneiro da era das delações. Abriu mão de US$ 26 milhões, dos quais US$ 23 milhões estavam depositados em contas na Suíça.

Muitos outros nomes já despontaram na lista de supostos beneficiários de propinas. O ex-presidente da Transpetro – braço da Petrobrás -, Sérgio Machado, fala em R$ 32 milhões para Renan Calheiros (PMDB/AL), presidente do Senado. Renan nega categoricamente recebimento de dinheiro ilícito.

A Procuradoria da República atribui também ao ex-presidente Lula propinas no valor de R$ 3,8 milhões supostamente repassados pela empreiteira OAS – por meio de obras em um triplex no Guarujá e armazenamento de bens em São Bernardo do Campo.

A defesa de Lula rechaça com veemência a acusação e afirma que ele jamais recebeu valores ilícitos.

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