Projeto inovador avaliará o impacto de estradas na biodiversidade mineira

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Segundo o Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas (CBEE), mais de 475 milhões de animais silvestres morrem todos os anos nas estradas brasileiras. Esse é o maior impacto direto à fauna, superando em muitas vezes os números do tráfico de animais e a caça.

Minas Gerais tem a maior malha rodoviária do Brasil, equivalente a 16% de toda a malha viária existente no país. No estado, são 269.546 km de rodovias. Deste total, 7.689 km são de rodovias federais, 23.663 km de rodovias estaduais, e 238.191 km de rodovias municipais.

Dados do Sistema Urubu, um aplicativo que registra e mapeia os animais atropelados em todo o território brasileiro, totalizou 1952 animais selvagens atropelados em Minas gerais até o ano de 2017. Os dados de 2018 ainda não foram contabilizados. Entre as espécies mais afetadas estão cachorro do mato (Cerdocyon thous) com 110 animais, o tamanduá bandeira (Myrmecophaga tridactyla) com 82 animais e o tamanduá mirim (Tamandua tetradactyla) com 44 animais. Estes números são apenas a “ponta do iceberg” pois a mortalidade é muito maior no estado.

Pensando em minimizar esse impacto foi idealizado o Projeto Biodiversidade e Infraestrutura Viária de Minas Gerais (BioInfra Minas). Os objetivos do BioInfra Minas são:

Gerar modelos preditivos das áreas críticas de atropelamentos de fauna selvagem e doméstica nas rodovias do estado de Minas Gerais;
Realizar o diagnóstico das rodovias estaduais sob concessão no que tange medidas para redução dos impactos à biodiversidade;
Diagnóstico dos impactos potenciais da infraestrutura viária (rodovias e ferrovias) nas Unidades de
Conservação estaduais e federais de Minas Gerais;
Desenvolver as ações da Expedição Urubu na Estrada em três regiões de Minas Gerais.

Serão 18 meses de intensos trabalhos de campo e de laboratório, mas os primeiros resultados já devem ser apresentados em menos de seis meses. Dentre todas as atividades, o objetivo que visa produzir o modelo de áreas críticas de atropelamento é o mais almejado. Os resultados desta atividade serão utilizados por diferentes segmentos da sociedade (p. ex. concessionárias de rodovias, órgãos governamentais, Ministério Público) para antecipar os riscos de atropelamento aos animais selvagens e domésticos. Serão gerados mapas com espécies ameaçadas de extinção e com espécies domésticas e silvestres mais atropeladas. Com os dados em mãos será possível otimizar as áreas onde governos e concessionárias de rodovias devem priorizar a implantação de medidas de proteção. Essas medidas podem ser placas de sinalização, redutores de velocidade, passagens sob e sobre a pista das rodovias, entre outras.

É importante enfatizar que além da perda de biodiversidade, o atropelamento de animais geram bilhões de perdas materiais e humanas anualmente. Dados da Polícia Rodoviária Federal de 2017 mostram que quase 400 pessoas perderam suas vidas devido o atropelamento de animais, e milhares sofreram ferimentos e tiveram que permanecer muitos dias hospitalizadas.

Outro aspecto importante da parceria é a avaliação dos efeitos potenciais de rodovias e ferrovias nas Unidades de Conservação (UCs) do estado. Unidades de Conservação são nossos parques nacionais, estações ecológicas e outras áreas naturais que protegem nossa biodiversidade para as gerações futuras. O BioInfra Minas irá criar um ranking das UCs com maior potencial de impacto devido a presença de estradas dentro ou no seu entorno. Os resultados poderão ser utilizados para potencializar a conservação da nossa biodiversidade e auxiliar os governos federal e estadual na prioridade de investimentos e ações.

Um ponto importante do BioInfra Minas é que todos os resultados serão apresentados com base no recorte da região abrangida pelas Coordenadorias Regionais de Promotorias de Meio Ambiente. Desta forma, o promotores que atuam com meio ambiente em cada região do Estado, terão uma importante ferramenta para qualificar a tomada de decisão.

O coordenador do projeto, Prof. Dr. Alex Bager afirmou que “O BioInfra Minas foi proposto como um projeto piloto, que será conduzido para que os aprendizados obtidos possam ser replicados em outros estados e em nível federal”.

O BioInfra Minas é uma parceria do Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas da Universidade Federal de Lavras, Coordenadoria Estadual de Defesa da Fauna (CEDEF) do Ministério Público de Minas Gerais e Fundação de Ensino e Pesquisa de Uberaba (FUNEPU). O projeto teve sua concepção pela Dra. Luciana Imaculada de Paula, Promotora de Justiça e Coordenadora Estadual de Defesa da Fauna (CEDEF), sendo financiado pelo Fundo Especial do Ministério Público do Estado de Minas Gerais – FUNEMP.

Agora só resta aguardarmos os resultados e torcer que outros estados tenham iniciativas semelhantes para proteger a fauna local.

Outras informações:

Site da Expedição.- www.urubunaestrada.com.br
Facebook Sistema Urubu.- https://www.facebook.com/sistema.urubu/
Blog Alex Bager.- https://bab.empreendedor-academico.com.br

Contato:
Prof. Alex Bager
Cel.: 35 992515353
Email: abager@ecoestradas.org

Website: https://bab.empreendedor-academico.com.br/

[youtube https://www.youtube.com/watch?v=04Ek84SUVBE]

Foto: Reprodução / DINO
Fonte: DINO

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