Corrupção no governo

Procuradoria vê indícios contra Aldemir Bendine no BB

Presidente da Petrobras participou de esquema quando comandava BB

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A Procuradoria-Geral da República (PGR) vê indícios de que o atual presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, participou de suposto esquema ilícito de compra de debêntures (títulos da dívida) da empresa OAS quando comandava o Banco do Brasil. A empreiteira é suspeita de pagar vantagens indevidas a políticos, entre eles o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), em troca de destravar os investimentos de fundos de pensão e bancos em papeis da construtora.

As citações a Bendine aparecem em trocas de mensagens entre o principal executivo da OAS, José Aldemário Pinheiro Filho, o Léo Pinheiro, com Cunha e outros dirigentes da empresa entre 2012 e 2014. O então presidente do Banco do Brasil teria negociado com a OAS, numa reunião de outubro de 2014, a aquisição de debêntures de R$ 500 milhões. Num e-mail enviado a ele em 2013, Pinheiro também discute a emissão de ações da Invepar – empresa constituída por fundos pensão, entre eles a Previ, dos funcionários do BB – em bolsa de valores.

Em agosto de 2014, Pinheiro recebe uma mensagem de seu secretário avisando que Bendine, tratado pelo apelido “Dida”, pedira uma conversa, mas “só se estivesse num telefone fixo”. O secretário explica que, como o executivo estava no exterior, o presidente do Banco do Brasil resolveu aguardar seu retorno ao País para falar. “A necessidade de conversar com telefone fixo demonstra a consciência da ilicitude da conversa e o medo de serem interceptados”, afirmou a PGR num dos documentos sobre a investigação de Cunha.

As mensagens mostram que em outubro daquele ano Bendine se reuniu com Pinheiro e outro dirigente da OAS para tratar dos títulos de R$ 500 milhões. “O Dida marcou às 18h30. Terei de ir com ‘ACMP’, pois temos a nova debênture, que é vital”, afirmou Pinheiro.

Ao descrever o suposto esquema em investigação, a PGR sustenta que a OAS emitia debêntures e outros títulos, os quais eram adquiridos por bancos e fundos de pensão. Conforme as investigações, cabia a Cunha fazer gestões nesses órgãos para que os investimentos fossem aprovados pelas instituições. “Em seguida, um porcentual é pago para Eduardo Cunha”, diz relatório da investigação. (AE)

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