Operação Águas Claras

Procuradoria denuncia oito por fraude nos esportes aquáticos

Investigação apura destino de R$ 40 milhões do Ministério do Esporte

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O Ministério Público Federal em São Paulo denunciou o ex-presidente da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA), Coaracy Nunes, três diretores da entidade e mais quatro empresários ligados ao esporte também foram denunciados. Todos são acusados por formação de uma organização criminosa para desviar pelo menos R$ 6, 2 milhões dos esportes aquáticos brasileiros.

Coaracy Nunes, Sérgio Alvarenga (diretor financeiro), Ricardo de Moura (diretor de natação) e Ricardo Cabral (diretor de pólo aquático) estão presos preventivamente, na Operação Águas Claras. 

Esta é a primeira denúncia criminal da Águas Claras, que, desde o ano passado, vem desvendando desvios cometidos pelos cartolas da natação brasileira. Duas ações civis públicas de improbidade administrativa já foram propostas pelo Ministério Público Federal, em setembro de 2016 e em março passado, e uma operação policial foi realizada este mês, apreendendo documentos cuja análise será fundamental para os próximos passos da investigação.

A investigação apura o destino de cerca de R$ 40 milhões repassados à CBDA. Desse total, a PF aponta irregularidades em três convênios firmados entre a CBDA e o Ministério dos Esportes. Num dos convênios, de R$ 1, 5 milhão para a compra de passagem e hospedagem, a PF constatou suspeita de superfaturamento de preços e fraude em licitação.

O MPF sustenta na denúncia que a cúpula da CBDA se apropriou de um repasse de R$ 5 milhões feito pelo Ministérios dos Esportes para a modalidade de Polo Aquático. Os dirigentes da entidade também são acusados de desvios de outro convênio do ministério para a aquisição de equipamentos esportivos para atletas que se preparavam para provas de maratonas aquáticas, nado sincronizado e polo aquático nos jogos olímpicos do Rio. Procuradores afirmam que a cúpula utilizou documentos falsos para fraudar quatro licitações.

Os dirigentes da entidade também são acusados de apropriação de uma premiação de US$ 50 mil pago pela Federação Internacional de Natação (FNA), em julho de 2015. O dinheiro deveria ter sido entregue aos atletas e comissão técnica pelo 3º lugar na Liga Mundial de Polo Aquático. Os atletas nunca receberam o dinheiro.

Além dos desvios de convênio, Coaracy e os outros três dirigentes também teriam roubado dinheiro dos cofres da entidade para pagar a defesa de advogados no âmbito da Operação Águas Claras. O MPF afirma que foram desviados R$ 100 mil da CBDA para pagamentos a um escritório de advocacia.

Caso sejam condenados por todos os crimes denunciados, a pena mínima a que estão sujeitos os acusados ligados à CBDA é de 14 anos e a máxima, de 65 anos. Os empresários envolvidos, se condenados, podem receber penas de 8 a 29 anos de prisão.

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