GUERRA ELEITORAL NO MP

Prefeito acusa chefe do MP de Alagoas de manipular enquete em site

Denunciante reagiu à suspeita de que usou robô para obter votos

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Após se dedicar a uma campanha virtual entre amigos para uma enquete sobre a disputa pelo Senado em um site local, o prefeito de Traipu e ex-procurador-geral de Justiça Alagoas, Eduardo Tavares Mendes (PSDB), atacou o atual chefe do Ministério Público de Alagoas, Alfredo Gaspar de Mendonça, que avalia se disputa ou não o mandato de senador. O motivo da virulência do também prefeito de Traipu conhecido como “ET” foi o fato de seus votos na enquete terem sido zerados, na manhã desta quinta-feira (22), sob o argumento de que teriam sido resultado de suposta fraude à pesquisa, através de um “robô” – um sistema programado para votar.

Em representação encaminhada a autoridades, o prefeito sertanejo que já comandou a Segurança Pública de Alagoas e desistiu de disputar o governo em 2014 atribuiu a mudança no resultado da enquete ao ex-colega de MP e repudiou o que chamou de “modus operandi” de Alfredo Gaspar. Também solicitou apuração técnica para atestar a existência de eventual fraude na enquete realizada pelo site Federal News, e, caso positivo, quem a praticou.

Tavares e Alfredo são MP de Alagoas na política (Fotos: Divulgação e MP)Junto ao texto enviado pelo próprio ET ao Diário do Poder, o ex-chefe do MP expõe que tinha 1.100 votos, contra 1.400 do procurador Alfredo Gaspar, por volta da meia-noite de quarta-feira (21). E que somente seus votos foram zerados pela manhã de hoje, “sem a possibilidade de ser novamente votado”, cuja enquete foi encerrada quando ele tinha 101 votos.

De saída do PSDB e estudando a renúncia do mandato de prefeito para se candidatar a algum cargo eletivo, ET ainda acusou o policial federal Flávio Moreno de manipular a enquete. Mas o policial diz que foi detectado um aumento súbito e constante de votos no prefeito de Traipu, vindos de diversos países como Alemanha, Espanha, Holanda e até Singapura. Flávio Moreno também figurou entre os pré-candidatos ao Senado na enquete vencida por Alfredo Gaspar.

“Meus votos foram zerados […] com a explicação esdrúxula, do porta-voz do pré-candidato Alfredo Mendonça de que teria sido usado um robô em minhas votações. Se existe robô, quem garante que o candidato que possui esta votação estupenda (Alfredo Mendonça) não o utilizou? Demonstro aqui todo meu repúdio ao ‘modus operandis’ dessa pré-candidatura que surge através do referido cidadão, por sinal inelegível, vez que é membro do Ministério Público, mas, diferentemente da minha pessoa, ingressou na instituição depois da promulgação da Constituição Federal de 1988. Absolutamente inelegível!”, exclamou ET, ao se referir a Alfredo Gaspar. “Não aceito injustiças e não levo desaforo para casa, daí  a minha reação!”, justificou a reação, ao ser questionado pelo Diário do Poder.

Alfredo Gaspar não quis comentar o teor da representação do colega de Ministério Público, que foi encaminhada à Direção Geral da Polícia Federal, ao Ministério da Justiça, ao Tribunal Superior Eleitoral, ao Tribunal Regional Eleitoral e até ao Supremo Tribunal Federal, sobre a enquete. Ambos os representantes do MP foram secretários de Segurança Pública de Alagoas. E ainda hoje, Eduardo Tavares declarava apoio a uma eventual candidatura de Alfredo Gaspar.

O ‘ROBÔ’

Já o responsável e concorrente na enquete, Flávio Moreno, respondeu ao Diário do Poder que algum simpatizante pode ter usado o nome do prefeito Eduardo Tavares, ao afirmar que as irregularidades foram detectadas, porque o sistema tem como ver os horários, cidades e países de votação.

“Foram detectados endereços de Hong Hong, Singapura, Rússia, França, República Tcheca, etc. Acreditamos que nenhum desses nomes tenha simpatizantes nesses países, votando em tão curto espaço de tempo, em intervalos de minutos. Estamos à disposição para qualquer dúvida. Queremos o máximo de isenção e democracia nas enquetes, que o cidadão se expresse, seja consultado”, disse Flávio Moreno, ao Diário do Poder.

O policial federal enviou à reportagem uma imagem que demonstra uma sequência de votos suspeitos no número 18, que representava ET na enquete. Veja:

VAIDADE

Quando questionado sobre o motivo de ter pedido votos na enquete, Eduardo Tavares disse que não é, em princípio, candidato ao Senado, e que vai verificar que rumo vai dar à vida política, este ano, fora do PSDB e com “uns quatro ou cinco” convites de partidos.

“Me colocaram na enquete sem me pedirem permissão! Para não fazer feio, me dirigi ao grupo de amigos e pedi votos, também dos componentes do grupo ‘amigos do ET’, criado há quatro anos, e com mais de 2.500 membros hoje! Me surpreendi com a votação e me surpreendi, mais ainda, com a retirada do meu nome da enquete, sem uma justificativa plausível!”, explicou.

O ingresso de Alfredo Gaspar na disputa é visto como uma ameaça à reeleição do senador Renan Calheiros (MDB-AL), devido à popularidade do chefe do MP no combate à corrupção e ao crime organizado, tendo obtido redução histórica dos números oficiais da violência, em 2015, quando Alagoas deixou de ser campeã no ranking nacional da violência. 

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