REVOLTA PARA ALAGOAS

Policiais e bombeiros iniciam motim contra Renan Filho, em Alagoas

Aquartelamento com bombeiros afeta porto, aeroporto e a Série B

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O movimento unificado de policiais e bombeiros militares de Alagoas anunciou o aquartelamento das tropas por 24h, a partir das 19h da próxima sexta-feira (13), e a paralisação das atividades da Força Tarefa, à meia-noite desta quinta-feira (12), como forma de protesto contra a negativa do governo de Renan Filho (MDB) em atender o pleito pela reposição salarial de 10,61% relativos às perdas inflacionais desde o ano de 2015. A decisão foi tomada em assembleia realizada pelas tropas à porta do Palácio República dos Palmares, na tarde desta quarta-feira (11), depois de as associações militares terem negada a exigência de uma audiência com o governador.

De acordo com o movimento das associações militares, a assembleia reuniu cerca de três mil pessoas, entre policiais e bombeiros da ativa e da reserva, pensionistas e viúvas, à porta da sede do Governo de Alagoas. E entre as consequências mais graves da paralisação está a previsão de não ser feito o policiamento do jogo de futebol entre o CSA e o Goiás, no fim da tarde do sábado (14), pela Série B do Campeonato Brasileiro, no Estádio Rei Pelé, em Maceió.

O empenho dos policiais e bombeiros militares, desde o ano de 2015, foi responsável pelo dado mais positivo do governo de Renan Filho, na Segurança Pública, que foi a retirada de Alagoas do topo do ranking de estados com maior quantidade de crimes violentos letais e intencionais do Brasil. E, agora, depois de dois anos consecutivos de aumento dos índices de mortes violentas, as tropas exigem valorização.

“[Não atender ao movimento] vai aumentar o seu descaso com a Segurança Pública, governador. O senhor está brincando com a Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros”, disse um dos manifestantes, durante o protesto em que as tropas gritaram em coro pela presença do governador para solucionar o impasse salarial.

O comandante da Polícia Militar de Alagoas, coronel Marcos Sampaio, publicou nota após a decisão das tropas, em que disse entender os anseios das categorias militares na busca por valorização profissional. No entanto, afirmou que “não vai admitir radicalização ou indisciplina por parte dos policiais militares que aderirem ao movimento”, ao ressaltar que as negociações nunca foram encerradas e que haverá uma reunião com a presença do governador Renan Filho e os secretários de Segurança Pública, coronel Lima Júnior, e da Fazenda, George Santoro, para avaliar as reivindicações dos militares, para as quais o governo sinalizou com apenas 3,8% de reposição.

ALAGOAS VAI PARAR

Dentro do cronograma de atividades do movimento, os policiais e bombeiros iniciam nesta quinta um acampamento diante da Secretaria da Fazenda, na Cambona; na sexta-feira, interditam o Porto de Maceió, retiram a brigada de incêndio do Aeroporto Zumbi dos Palmares – o que pode inviabilizar o pouso e decolagem das aeronaves, autuação de civis utilizados como “agentes de proximidade” no Programa Ronda do Bairro, por usurpação de função exclusiva da Polícia Militar, além do próprio aquartelamento, previsto para iniciar às 19h.

O aquartelamento de policais pode ser e já foi considerado crime de motim, a exemplo de quando a PM do Espírito Santo indiciou, no ano passado, 703 policiais pelo crime militar, cuja pena pode variar de 8 a 20 anos de prisão em presídio militar, além da expulsão da corporação. Mas a radicalização do movimento de policiais e bombeiros militares de Alagoas foi pautada por falas que ressaltaram o destemor pela possibilidade de prisões pelo aquartelamento, considerado inconstitucional, desde abril de 2017, por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).

Veja o momento final da Assembleia em que militares pedem a presença de Renan Filho, que não recebeu representantes da tropa: 

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