PMDB articula a destituição do governista Picciani da sua liderança
Deputados buscam adesões para retirá-lo da liderança do PMDB
A votação da chapa majoritariamente contrária à presidente Dilma Rousseff para compor a comissão especial que irá analisar o pedido de impeachment deve sacramentar a destituição do líder da bancada peemedebista na Câmara, Leonardo Picciani (RJ).
Um grupo de dissidente recolhe assinaturas para retirá-lo da liderança. De acordo com esse movimento, já existem 35 de 34 deputados necessários para rifar o carioca. No total, são 68 deputados do partido, mas a adesão de metade da bancada é suficiente para limá-lo.
Há insatisfação generalizada com a condução da bancada, que se tornou apêndice do governo Dilma. Acreditando que poderia assumir a presidência da Câmara, em substituição a Eduardo Cunha, Picciani resolveu desafiar seus pares, indicando dois ministros na reforma ministerial: Celso Pansera (Ciência e Tecnologia) e Marcelo Castro (Saúde). Não entregou a facilidade na Câmara prometida a Dilma.
Picciani rompeu, inclusive, com Eduardo Cunha, que o bancou na eleição para líder da bancada, em fevereiro. Na ocasião, ele venceu o baiano Lúcio Vieira Lima por 1 único voto – justamente uma das principais vozes da dissidência peemedebista. O fluminense abraçou o governo na reforma ministerial, e perdeu na largada o apoio de 24 deputados. Para piorar, ele pretende fazer o ministro da Aviação Civil, substituindo Eliseu Padilha – indicado do vice-presidente da República, Michel Temer.
O deputado Darcísio Perondi (RS) resume o que se tornou o líder peemedebista. “O Picciani é um jovem velho que defende a velha política”, garante Perondi. Os dissidentes querem protocolar ainda nesta quarta-feira (9) o pedido de destituição.
Mais uma vez, Picciani recorreu ao governo e tenta, em vão, rechaçar o isolamento. Em um grupo de WhattsApp, os deputados avisaram, em tom de ironia: “Picciani caiu, vai morrer abraçado com o governo”. Numa crise sem precedente, Picciani dormiu no cargo e pode acordar como ex-líder.