Truculência no DF

Polícia que atacou jornalistas covardemente recebe elogios do governo

Foram tantas as agressões que já se suspeita que a ordem era mesmo atacar repórteres

acessibilidade:

 

O governador do DF, Agnelo Queiroz (PT), o secretário de segurança pública, Sando Avelar, e o comando da Polícia Militar não parecem impressionados com as denúncias de agressão covarde a jornalistas que faziam a cobertura das manifestações de protestos neste sábado (7), em Brasília. Eles parabenizaram “a todos os policiais militares que trabalharam direta e indiretamente no policiamento na área central de Brasília em função das comemorações do Dia da Independência”, segundo nota divulgada no site da corporação.

A PM do Distrito Federal parece haver escolhido jornalistas como alvos da truculência que a caracteriza. Além de cometer excessos desnecessários, agredindo qualquer pessoa que encontrasse pela frente, com covardia e crueldade. Entre os agredidos esteve o jornalista Ricardo Marques, repórter fotográfico do jornal Metro. Covardes, os policiais o agrediam enquanto ele tentava proteger os equipamentos que carregava. Além das agressões, estimularam que os cães o atacassem e ainda usaram spray de pimenta contra ele. Marques desmaiou e uma das máquinas que usava lhe foi roubada.

Três fotógrafos do Correio Braziliense também foram agredidos por policiais militares, com jatos de spray de pimenta. A repórter fotográfica Monique Renne fazia fotos de colega atingida, perto da Torre de Tevê, quando um PM investiu contra ela, apontando o spray de pimenta. Corajosa, Monique deu uma lição de coragem para o PMDB covarde, mantendo a câmera apontada para ele. Os jornalistas Carlos Vieira e Janine Morais também sofreram agressões. O repórter Arthur Paganini foi empurrado por um policial e, em seguida, recebeu um spray de pimenta de outro PM.

Outro jornalista agredido cavardemente pela PM-DF foi Luciano Nascimento, repórter da Agência Brasil. Ele havia testemunhado no Setor Hoteleiro Sul policiais da Tropa de Choque da PM do DF atirar uma bomba de gás lacrimogêneo contra a cabeça de um manifestante e, ao apurar o fato, mesmo se identificando, foi agredido por três policiais com spray de pimenta e empurrões.

Ueslei Marcelino, repórter fotográfico da Agência Reuters, foi ferido ao tentar fugir dos cães controlados pelo Choque nos arredores do estádio Mané Garrincha, em Brasília. “Os policiais jogaram os cachorros em cima da imprensa, foi na maldade mesmo. Gritaram ‘pega, pega'”, afirmou o profissional ao site UOL. Enquanto fotografavam e conversavam com Marcelino, repórteres e fotógrafos foram

atacados com spray de pimenta. Policiais o cercaram Ueslei e o jogaram “de qualquer maneira” dentro de um carro do Choque, mesmo ele reclamando que estava com dor, pois suspeitava que tinha torcido o joelho ao correr, até a chegada da ambulância do Samu.

O fotógrafo foi levado de ambulância ao Hospital de Base onde fez um raio X, que não detectou fratura. Procurada, a PM nega que os policiais tenham ameaçado jornalistas com cães e afirma que o fotógrafo caiu sozinho.Houve correria e bate-boca.O fotógrafo Fábio Braga, da Folha de S. Paulo esteve entre os jornalistas atacados pelos cachorros da PM, mas não ficou ferido.

O governo do Distrito Federal (GDF), por meio da Secretaria de Comunicação, informou que vai solicitar a instauração de uma sindicância para apurar os fatos. Informou também que a instrução do governo é para que a polícia não cometa excessos ao exercer suas prerrogativas de manter a ordem.

Também em Brasília, integrantes do grupo ‘black blocs’ ameaçaram repórteres da Folha que cobriam atos de vandalismo contra concessionárias de automóveis. Poucos antes, o grupo havia tentado entrar em um prédio da TV Globo, e foram dispersados pela polícia.

No Rio, “Black Blocks” perseguiram, empurraram e ameaçaram uma equipe da TV Globo. Um repórter foi atingido na cabeça por algum objeto contendo tinta vermelha.

Em Manaus, um homem de 20 anos foi detido após agredir a repórter Izinha Toscano, do Portal Amazônia, durante protesto. A jornalista foi atingida com três socos nas costas quando tentava registrar o momento em que a polícia revistava a bolsa de manifestantes.

“O forte de esquema de segurança garantiu que o desfile militar, o jogo entre Brasil e Austrália e o Celebrar Brasília ocorressem sem problemas”, informa a nota, ignorando os conflitos, as agressões covardes, os

feridos e os 50 presos. “O coronel Jooziel (comandante da PM) ressalta que o empenho de todos os policiais militares foi de suma importância para o sucesso dos eventos. O comandante-geral agradece ainda ao governador Agnelo Queiroz, ao secretário de segurança e aos diversos órgãos do GDF que colaboraram decisivamente para o êxito da missão da PMDF”, finaliza q nota.

Criticada pelos excessos, a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal negou a informação de que o jornalista Ueslei Marcelino, da Reuters Canadá, foi atacado pelos seus cães. Por meio de nota, a assessoria do governo alegou que “o profissional da imprensa apenas caiu ao correr, machucou o joelho e foi prontamente socorrido por policias da tropa de choque, que o encaminharam imediatamente ao Samu”, diz a nota. Ueslei Marcelino foi levado ao Hospital de Base e não foi contatado fratura.

Reportar Erro