Pela terceira vez

PF indicia Lula por corrupção em contratos de sobrinho em Angola

Seriam R$ 20 milhões em propina. Odebrecht também foi indiciado

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O ex-presidente Lula foi indiciado pela Polícia Federal pelo crime de corrupção passiva. O petista teria beneficiado o sobrinho Taiguara Rodrigues por meio da Odebrecht em contratos na obra de ampliação e modernização da hidrelétrica de Cambambe, em Angola. Taiguara e Marcelo Odebrecht também foram indiciados por corrupção e lavagem de dinheiro.

Os investigadores encontraram evidências de propina de R$ 20 milhões mascarada em contratos da empreiteira Odebrecht em Angola firmados com a empresa Exergia, cujo sócio era Taiguara. A PF concluiu que os contratos de Taiguara só aconteceram em razão do parentesco e das relações da empreiteira com Lula, além dos documentos que citam o próprio ex-presidente no negócio.

Taiguara é filho de Jacinto Ribeiro dos Santos, o Lambari, amigo de Lula na juventude e irmão da primeira mulher do ex-presidente, já falecida. Morador de Santos, no litoral paulista, ele atuava no ramo de fechamento de varandas e viajou para Angola para começar seus negócios naquele país em 2007.

Taiguara ostenta em seu currículo atuação em obras de empreiteiras financiadas pelo BNDES no exterior na esteira da política de aproximação com países africanos durante os dois mandatos do ex-presidente Lula.

Operação Janus

O indiciamento ocorre após cinco meses de investigação da operação Janus, que devassou contratos da Odebrecht com a Exergia. Ao cumprir mandados de busca e apreensão, em maio, em endereços de Taiguara em Santos, a PF descobriu que Lula recebia três alcunhas nas conversas: tio, presidente e “chefe maior”.

Uma das provas apreendidas era uma espécie de diário no computador do sobrinho de Lula, com diversos relatos da empresa e do petista. Eram textos em formato .doc, com Taiguara falando de si mesmo em terceira pessoa. Um dos primeiros — e mais relevantes — registros desse diário é de 2009, quando Taiguara descreve uma reunião em Brasília para conversar com o tio. Segundo ele, Lula deu “carta branca” para os negócios em Angola – financiados com dinheiro do BNDES.

Além do diário, a PF conseguiu recuperar mensagens de Whatsapp enviadas por Taiguara. Numa delas, o sobrinho de Lula fala que um projeto com a Odebrecht era uma ficção — o contrato depois foi firmado. Em outra, já em 2015, eles reclamavam das dificuldades em fechar negócios. Na ocasião, a Lava Jato já tinha atingido a empreiteira. Taiguara, de novo, ia direto ao ponto: ia falar com o tio para resolver os impasses com a Odebrecht. 

No total, foram 16 contratos da Odebrecht com a empresa de Taiguara. Para a  PF, a empresa foi criada apenas para receber dinheiro da empreiteira, sem prestar serviços. Não havia outros clientes ou indícios de qualquer serviço executado. 

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