Operação Mors

PF faz operação contra grupo de extermínio e prende 14 policiais

São 49 mandados judiciais contra servidores da Segurança

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A Polícia Federal deflagrou, na manhã desta quarta-feira (7), a Operação Mors, com o objetivo de combater e desarticular grupo de extermínio composto por policiais que atuavam nas cidades de Jaru e região, no interior de Rondônia. São 49 medidas judiciais, sendo 35 mandados de busca e apreensão e 14 mandados de prisão, em sua maioria, contra servidores públicos integrantes de órgãos de segurança pública do Estado. As ações ocorrem em Rondônia e Mato Grosso.

Os trabalhos desenvolvidos pela Polícia Federal, que contou com o apoio do Grupo de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público de Rondônia e da Justiça Estadual de Rondônia, está sendo realizado por uma equipe de 250 policiais. O grupo tático especial da PF, bem como das aeronaves e helicópteros da instituição, também estão auxiliando na operação.

De acordo com as investigações, o grupo criminoso era composto por policiais, agentes penitenciários, um jornalista e outros cidadãos da cidade, que estão envolvidos em diversos crimes como extermínio, agiotagem, corrupção, lavagem de dinheiro, abusos de autoridade, ameaças, fraude processual, intimidação de testemunhas, porte, posse e comércio ilegal de armas de fogo, segurança particular ilícita e até tráfico de drogas. Um advogado e um policial civil também foram conduzidos para prestar esclarecimentos.

Os policiais, envolvidos com a organização criminosa, começaram a realizar execuções como uma forma de justiça privada, da qual eram vítimas pequenos infratores locais. Segundo a PF, os crimes começaram a ocorrer de forma desenfreada e as execuções começaram a ser realizadas pelas mais variadas e gratuitas razões, que iam, desde cobranças de dívidas, até crimes encomendados, como ocorre em regra nas mortes executadas por os grupos de extermínio.

Chamou atenção dos investigadores a grande quantidade de mortes ocorridas na cidade de Jaru, concentradas em um curto período do ano de 2014. Todos os assassinatos seguiam um mesmo ritual e eram realizados por grupo de dois homens em uma moto preta. Até o momento, dez mortes já foram identificadas como sendo de autoria da organização. As vítimas eram testemunhas dos crimes cometidos pelos policiais ou pessoas endividadas, que não tinham condições de saldar seus débitos. Também usuários de droga teriam sido assassinados nesse período. Mais de cem assassinatos estão sendo investigadas e poderão ser atribuídos à organização criminosa. Dentre os mortos estão ex-presidiários, detentos do regime carcerário, empresários e um advogado da cidade. Os crimes promovidos pelos integrantes da organização criminosa ficaram conhecidos como “assassinatos da moto preta”.

Também foram alvo do grupo um juiz e um promotor da cidade, que tiveram suas casas alvejados por disparos de arma de fogo. Há informação de que outras autoridades também teriam sido alvo de coação por parte do grupo, como autoridades da própria polícia militar e também populares.

Todos os investigados responderão pelos crimes de organização criminosa, homicídio por motivo torpe, que é um crime hediondo, abuso de autoridade, agiotagem, práticas de milícia, posse, porte e comércio ilegal de armas de fogo, coação no curso do processo, fraude processual, corrupção ativa e passiva dentre outros crimes. Somadas as penas podem chegar a mais de 70 anos de prisão.

O termo Mors, nome da operação, na cultura latina significava a "personificação da morte".

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