Operação Acrônimo

PF conduz para depor, sob vara, sobrinho de governador do PT

Mandados são cumpridos em Brasília, Paraná e São Paulo

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A Polícia Federal deflagrou na manhã desta terça-feira (13) a 7ª fase da Operação Acrônimo. O alvo principal é um sobrinho do governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT). Felipe Torres é sócio de Pimentel em uma rede do restaurante Madero, especializada em hambúrgueres gourmet, em um shopping na cidade de Piracicaba, interior de São Paulo. De acordo com a PF, Torres é alvo de condução coercitiva e houve busca e apreensão em seus endereços.

A operação foi autorizada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) porque a investigação envolve autoridades com foro privilegiado. Ao todo policiais cumprem dois mandados de condução coercitiva em Brasília, Paraná e São Paulo. O segundo alvo é o empresário Sebastião Dutra, da empresa Color Print. Segundo a apuração, ele teria omitido notas fiscais falsas para uma empresa que fez obras no restaurante e para a campanha de Pimentel.

A Operação Acrônimo investiga esquema de corrupção envolvendo a liberação de empréstimos do BNDES e outros atos em troca de pagamento de propina para Fernando Pimentel. Na época dos supostos fatos ele era ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio no governo Dilma Rousseff, com ingerência no banco. O petista não é alvo da ação de hoje.

Em delação aos investigadores, Benedito de Oliveira, o Bené, empresário que cuidou das finanças de campanha de Pimentel, R$ 800 mil oriundos de desvio e propina foram investidos no restaurante do sobrinho.

O esquema

Dono de uma gráfica que prestou serviço para a campanha do governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel, em 2014, Benedito de Oliveira, o Bené, é considerado o operador do esquema de corrupção que envolve o governador mineiro. O empresário ganhou o benefício de cumprir prisão domiciliar após fazer acordo de colaboração premiada, assinado em 23 de abril. Em 27 de maio o ministro do STJ Herman Benjamin homologou a delação.

Bené é acusado de corrupção e lavagem de dinheiro, mas não é alvo da operação desta terça. Ele já havia sido preso pela PF por associação criminosa, na mesma operação, em 29 de junho do ano passado, mas foi liberado na ocasião. Com a colaboração de Bené, tanto Pimentel quanto a presidente afastada Dilma Rousseff se comprometem, pois Bené também atuou em sua campanha a presidente em 2010.

A Polícia Federal chegou até Bené após comprovar que ele financiou campanhas petistas e da presidente Dilma com dinheiro desviado de contratos firmados com o próprio governo Dilma. Segundo investigações, Bené se aproximou do PT durante o segundo mandato do governo Lula.

Bené é amigo do governador Fernando Pimentel e ajudou a elegê-lo governador de Minas Gerais, em 2014. Entre os seus bens, constam um avião bimotor – onde viajou Pimentel durante a campanha.

As investigações da Operação Acrônimo começaram em 2014, quando o avião de Bené foi apreendido com R$ 133 mil em espécie. Naquela ocasião, Bené seguia de Belo Horizonte (MG) para Brasília (DF), quando foi surpreendido por agentes da PF no Aeroporto JK.

R$ 20 milhões em propina

O empresário Bené afirmou na delação premiada que o Grupo Caoa pagou R$ 20 milhões ao governador Pimentel. Os pagamentos, segundo Bené, no depoimento, ocorreram entre 2013 e 2014, ano em que o petista deixou o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior para candidatar-se ao governo.

Dos R$ 20 milhões, afirmou o delator, R$ 7 milhões foram repassados diretamente a Pimentel no exterior. O restante teria sido usado na campanha. As defesas de Pimentel e do Grupo Caoa negam.

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