OPERAÇÃO CORRELATOS

PF achou fraude milionária em Alagoas apurando denúncias do 'Diário do Poder'

Reportagens do 'DP' fizeram a PF achar fraude mil vezes maior

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A Operação Correlatos, deflagrada nessa terça-feira (9) contra uma suposta organização criminosa que fraudou R$ 180 milhões em compras do governo de Renan Filho (PMDB) para unidades de saúde foi resultado direto do aprofundamento das investigações da Operação Sucupira, que foi inspirada na reportagem do Diário do Poder publicada em 31 de março, revelando um esquema de propina para favorecer assessores do governador no curso do programa de Mestrado Profissional em Administração Pública (Profiap), da Universidade Federal de Alagoas (Ufal).

A segunda investida da Polícia Federal (PF) em menos de três meses contra ilegalidades praticadas na Secretaria de Saúde de Alagoas (Sesau) tem relação direta com os pagamentos “por lista”, que aparecem no Portal da Transparência quando há contratação direta entre o poder público e fornecedores ou prestadores de serviço.

Delegado disse que apuração da Sucupira revelou mais ilegalidadesQuem confirmou a relação foi o delegado do Núcleo de Inteligência da PF em Alagoas, Antônio Carvalho, quando explicava a descoberta de indícios de crimes nas compras fracionadas de R$ 180 milhões em medicamentos e correlatos, sem licitação, na pasta da Saúde de Alagoas, nos primeiros dois anos do governo de Renan Filho (PMDB).

“Essa operação [Correlatos] é decorrente da Operação Sucupira, que investiga o Mestrado da Ufal. Ao verificar o Portal da Transparência, quando daquela operação, a gente ficou surpreso com a quantidade de contratações diretas que a Secretaria de Saúde realizou. Então ela é decorrência direta da Operação Sucupira. A gente verificou que algumas pessoas que prestaram serviço para a Sesau, consertando equipamentos, receberam por lista também”, revelou o delegado.

MIL VEZES MAIOR

Apesar de envolver praticamente os mesmos ordenadores de despesas, a relação entre as operações chama atenção por ter multiplicado por mais de mil vezes a dimensão da consequência da apuração de ilegalidades que envolviam “apenas” R$ 108 mil, identificados como propina paga a professores que favoreciam assessores do governador com o ingresso e progressão no curso de mestrado da Ufal, destinado a preparar administradores públicos.

Diário do Poder expôs pagamentos por lista como mapa da mina para PFO Diário do Poder também denunciou com exclusividade, em 8 de abril, antes da Operação Sucupira, que professores do Profiap, liderados pelo coordenador do curso Cláudio Zancan, receberam o montante de R$ 108 mil da Secretaria da Saúde, desde 2015. As matérias revelaram a entrada e progressão facilitadas para menos cinco gestores de quatro órgãos do Governo de Alagoas, no disputado curso de mestrado, que atua no âmbito nacional.

A nova investigação da Operação Correlatos ainda não chegou à fase da identificação de crimes de corrupção. Mas sinaliza ter o mesmo potencial de surpreender, pela dimensão que o caso pode alcançar, no futuro.

“O que a gente está investigando é a existência de uma organização criminosa e crimes previstos na Lei de Licitações. Ainda não chegamos na parte da corrupção passiva. Agora, de posse dos processos licitatórios, a gente vai verificar se houve a entrega ou não dos produtos. Há fortes indícios de que não houve entrega de todos os produtos que foram pagos. E aí a gente começa a verificar o crime de corrupção passiva”, disse o chefe da Inteligência da PF em Alagoas, durante entrevista, após a Correlatos.

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