Não é meta

Petrobras: US$ 14,4 bilhões é o mínimo de desinvestimento

Diretor da empresa, Ivan Monteiro descartou recorrer ao Tesouro

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Mesmo com a atual restrição financeira e a queda das cotações internacionais de óleo, a Petrobras poderia chegar até julho de 2017 sem recorrer a captações se conseguir concluir seu plano de desinvestimentos. A avaliação do diretor financeiro Ivan Monteiro é que osdesinvestimentos "são a premissa financeira" da companhia. Ele sinalizou que a relação de ativos na mesa de negociação já foi ampliada, ficando entre 20 e 30 ativos, considerando áreas que não dependem da cotação do óleo Brent.

"Desinvestimento de US$ 14,4 bilhões é o piso e não meta. Com essa premissa (desinvestimento), não precisaria captar nada, nem US$ 1. Não é algo razoável. Estamos confiantes, sabedores dos desafios, não será, nunca foi fácil", indicou o executivo em entrevista coletiva na tarde desta sexta-feira (15/01).

A presidente Dilma Rousseff afirmou na manhã desta sexta que a capitalização da Petrobras pelo governo é uma possibilidade, mas Monteiro descartou recorrer ao Tesouro. Segundo ele, a opção é a "última alternativa". "Não está no nosso radar", frisou o diretor. "Não temos nenhuma iniciativa para discutir esse assunto. Se tivéssemos, teria de publicar fato relevante", disse.

Segundo Monteiro, caso o plano de desinvestimento seja efetivado, a companhia conseguiria chegar até julho de 2017 com US$ 15 bilhões em caixa, considerado o mínimo necessário para tocar suas operações de modo satisfatório. Monteiro também indicou que constam na lista de ativos a subsidiária de transporte e logística, Transpetro, e ativos da área de fertilizantes, que teriam atraído grande interesse de investidores.

"Quando a gente anuncia esse número, esses desafios são considerados. Aumentou a quantidade de opções que estamos colocando na mesa. Petrobras tem um compromisso com o mercado. São vários processos em paralelo, alguns bastante maduros e outros menos maduros", reforçou.

 Demissões

A Petrobras deverá realizar mais uma rodada de demissões de terceirizados para equacionar seus custos à nova realidade financeira da companhia, frente à queda das cotações internacionais de petróleo, segundo Monteiro. A companhia também realizará uma nova renegociação de contratos com fornecedores, com o objetivo de reduzir custos. Uma meta para os cortes não foi estabelecida até o momento.

"Estamos modelando e estabelecendo as metas do que ainda não atingimos na primeira onda de renegociações de contratos, que envolveu fornecedoras de sondas, bens, embarcações e helicópteros. Foram os grandes contratos. A segunda rodada ainda estamos formatando. Tínhamos uma meta que consideramos tímida e estamos revendo", explicou a diretora de Exploração e Produção, Solange Guedes.

Entre outras ações para rever os gastos estão a devolução de imóveis alugados e as demissões de funcionários terceirizados. "Fizemos um corte muito grande de terceirizado. Foi a primeira onda. Vamos ver como a companhia se comporta. Na minha visão se comportou bem e devemos fazer uma segunda onda de demissões de terceirizados que tragam o custo da companhia para baixo. Ela vai acontecer. Vamos olhar de novo a estrutura de custo. Quando olhamos estava a US$ 50 o Brent e agora está a US$ 30", frisou.

A falta de uma definição sobre o tamanho do corte de gastos operacionais foi um dos pontos questionados por analistas de mercado, após a revisão do plano de negócios da companhia, na última terça-feira (12/01). A crítica era quanto à possibilidade de reduzir os investimentos e os custos operacionais sem uma redução significativa da meta de produção.

Solange Guedes explicou que houve "otimização" dos processos, com a postergação da conexão de novos poços às plataformas diante da estabilidade da produção."Como se consegue fazer esse efeito, neutralizar a redução significativa de investimento sem equivalência na produção? São três efeitos incorporados ao plano: redução do custo de construção dos poços em 50%, postergação da entrada de poços junto com a capacidade da plataforma e a produtividade dos poços firmes, sem declínio da produção", disse a diretora.

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