PC: Órfão de vereador vingou o pai, matando outro vereador, em Alagoas
Polícia diz que Baixinho matou Tony Pretinho e mataria prefeita
A Polícia Civil de Alagoas afirmou na tarde desta quarta-feira (28) que elucidou a morte do segundo vereador assassinado no ano de 2017, no município de Batalha (AL). Segundo os investigadores, Tony Carlos Silva de Medeiros, o “Tony Pretinho” (PR), foi assassinado com uma rajada de tiros por Thiago Mariano Tenório e José Márcio Cavalcante, este conhecido como “Baixinho Boiadeiro”, que é filho do outro vereador assassinado no município sertanejo, Adelmo Rodrigues de Melo, o “Neguinho Boiadeiro” (PSD).
De acordo com os delegados, Baixinho Boiadeiro tinha o objetivo de vingar a morte de seu pai, Neguinho Boiadeiro, ao ignorar a mal sucedida “ocupação policial” em Batalha, e matar o vereador Tony Pretinho, em 15 de dezembro de 2017. E antes de trocar tiros com José Emílio Dantas, no dia da morte de seu pai, Baixinho Boiadeiro teria se armado para matar a prefeita de Batalha Marina Dantas (MDB), que é nora do presidente da Assembleia Legislativa de Alagoas (ALE), Luiz Dantas, ambos aliados do governador Renan Filho (MDB).
O delegado João Marcelo presidiu a comissão de delegados que investigou o crime, composta ainda pelos delegados Fábio Costa e Eduardo Mero.
“As investigações nos levam a crer que o crime contra Tony Pretinho aconteceu por vingança. Agora seguimos no encalço com equipes para prender os dois foragidos. Não mediremos esforços para prender os foragidos. Quem souber de informações do paradeiro deles pode informar pelo 181 Disque Denúncia. As informações do denunciante são mantidas em sigilo”, afirmou João Marcelo.
Segundo provas técnicas apresentadas pela Perícia Oficial, Baixinho Boiadeiro ainda teria utilizado a mesma arma com que atirou em José Emílio Dantas, na primeira tentativa de vingar a morte do pai, 36 dias antes.
“O Tony estava encostado em um veículo na porta de sua residência quando foi surpreendido por uma rajada de tiros. Ele foi atingido por 15 tiros e um tiro final foi dado no rosto. O Thiago Mariano e o Baixinho Boiadeiro foram quem fizeram os disparos”, relatou o delegado Eduardo Mero.
PREFEITA SERIA PRIMEIRO ALVO
Durante a coletiva em que a Secretaria da Segurança Pública de Alagoas (SSP/AL) expôs o resultado da operação que caçou os suspeitos de matar Tony Pretinho, a Polícia Civil narrou que Baixinho Boiadeiro, ao tomar conhecimento da morte de seu pai, teria saído de casa armado para matar a prefeita de Batalha, Marina Dantas. Porém, sem detalhar como fizeram a descoberta, os delegados afirmaram que Baixinho teria desistido da investida criminosa, antes de encontrar José Emílio Dantas, com quem trocou tiros.
Em vídeo divulgado no dia 2 de fevereiro, Baixinho Boiadeiro confirmou ter trocado tiros com Zé Emílio Dantas, porque este estaria armado, feito “ar de riso”, e disparado três tiros, quando Baixinho parou o carro diante da casa do desafeto, durante seu trajeto para o hospital para onde seu pai tinha sido levado.
Baixinho Boiadeiro e Thiago Mariano Tenório estão foragidos. E a manhã desta quarta-feira, 30 equipes da Polícia Civil cumpriram 12 mandados de busca e dois de prisão em Arapiraca, Craíbas, Jaramataia e Batalha. Um homem identificado como Jadielson Agostinho Batista, sem ligação com o crime, foi preso em flagrante por posse ilegal de arma de fogo em um dos endereços alvo da operação.
‘ELUCIDAÇÃO’
O delegado-geral, Paulo Cerqueira, falou em “elucidação do caso” como prova de imparcialidade da SSP, ao elogiar o trabalho da Perícia Oficial e dos delegados. Mas não revelou quais foram os mandantes da morte de Neguinho Boiadeiro, cuja assassinato rendeu a prisão de outro vereador de Batalha, Alex Sandro Rocha Pinto (PMN), seu sobrinho Rafael Pinto e outro suspeito identificado como Maikel Santos, no dia 23.
“Semana passada estivemos aqui para dar detalhes da primeira fase das investigações de outro caso ocorrido em Batalha e hoje mostramos um resultado maior, mais amplo com a elucidação do caso”, disse o chefe da Polícia Civil.
No vídeo divulgado em 2 de fevereiro, Baixinho Boiadeiro diz que os vereadores Neguinho Boaideiro e Tony Pretinho teriam sido vítimas de adversários políticos da família Dantas, porque investigavam um esquema fraudulento milionário envolvendo 17 funcionários fantasmas na Assembleia Legislativa de Alagoas, que não sabiam que eram utilizados como “laranjas”, na folha do Legislativo Estadual, onde “recebiam” oficialmente entre R$ 12 mil e R$ 17 mil por mês, mas ficavam com apenas R$ 300.
Uma nova comissão foi formada para investigar denúncias de irregularidades feitas por Baixinho Boiadeiro, que relatou que seu pai foi assassinado porque denunciaria a presença de servidores fantasmas na folha de pagamento da Assembleiapresidida pelo maior expoente político do clã rival da família Boiadeiro, o deputado Luiz Dantas (MDB), aliado do governador Renan Filho (MDB).
No último sábado (24), a família Boiadeiro publicou nota manifestando que as autoridades policiais e o Ministério Público demonstraram estar “no caminho correto” para a elucidação do homicídio de Neguinho Boiadeiro ao prender o vereador Sandro Pinto, mas cobraram a exposição dos nomes dos mandantes. Parentes de Neguinho Boiadeiro já acusaram publicamente a prefeita Marina Dantas e seu esposo Paulo Dantas pelo crime. E o deputado Luiz Dantas defendeu apuração rigorosa do caso.
Sandro Pinto acumulava, desde maio, um cargo de salário mínimo como assessor na pasta de Planejamento e Gestão do governo de Renan Filho. Mas foi exonerado pelo governador, após na segunda-feira seguinte à sua prisão.
O Diário do Poder não conseguiu falar com integrantes da família Boiadeiro.