DIÁSPORA DA PISTOLAGEM

Parentes de vereador assassinado dizem viver diáspora, em Alagoas

Família cobra prisão de mandantes da morte de vereador alagoano

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A família do vereador Adelmo Rodrigues de Melo, o “Neguinho Boiadeiro” (PSD), assassinado em novembro em Batalha(AL), publicou nota no último sábado (24), na qual manifestam que as autoridades policiais e o Ministério Público demonstraram estar “no caminho correto” para a elucidação do homicídio, ao prender o também vereador Alex Sandro Rocha Pinto (PMN), seu sobrinho Rafael Pinto e outro homem identificado como Maikel Santos, na manhã da sexta-feira (23).

Na nota, a família Boiadeiro cobra urgência para a descoberta e exposição e dos mandantes do assassinato de Neguinho Boiadeiro. E diz que vive uma diáspora de Alagoas, desde o crime político, quando passaram a procurar compradores para suas fazendas no Sertão e Agreste do Estado.

Busca a acusado de tentar vingar o pai foi truculenta (Imagem: TV Oops)A nota é publicada depois de os parentes do vereador denunciarem que autoridades alagoanas e o governo de Renan Filho (MDB) estariam protegendo criminosos e perseguindo parentes da vítima. E apela às autoridades para que não persigam, nem ameacem com armas e truculência seus familiares, como ocorreu em janeiro, quando policiais derrubaram o portão da casa da sogra do político, em Arapiraca, caçada ao filho do vereador assassinado, José Márcio Cavalcante de Melo, o “Baixinho Boiadeiro”, procurado pela acusação de tentar vingar a morte do pai.

Os Boiadeiros afirmam não querer vingança, mas justiça, ao assegurar que os presos participaram ativamente da trama do crime de pistolagem contra o vereador mais votado das últimas eleições de 2016.

“Esperamos que as prisões temporárias efetuadas nessa primeira etapa sejam mantidas e transformadas em prisões preventivas. Seguramente, a manutenção dessas prisões levará às autoridades aos mandantes e pistoleiros ainda não revelados desse selvagem assassinato. Os Boiadeiros não descansarão enquanto os assassinos não estiverem na cadeia. Não queremos vingança. Queremos justiça!”, diz um trecho da nota.

A nota pede respeito aos seus direitos, imparcialidade e o cumprimento da lei e dos princípios republicanos às autoridades constituídas, ao afirmar que a família acionará a Comissão dos Direitos Humanos e Minorias (CDHM) da Câmara dos Deputados, em Brasília-DF, a OAB Nacional e à toda imprensa brasileira sobre o caso e o que chamaram de “perseguição desumana e irracional” sofrida pela família.

FOCO NAS VÍTIMAS

Até a última sexta-feira (23), a polícia alagoana focava suas ações na caçada a Baixinho Boiadeiro, que após ver o pai assassinado, trocou tiros com José Emílio Dantas, este que é filho de um ex-prefeito assassinado pelos Boiadeiros, em 1999, e sobrinho do presidente da Assembleia Legislativa de Alagoas, Luiz Dantas (MDB-AL).

Em manifestações anteriores, a família Boiadeiro atribuiu a autoria intelectual do crime a integrantes da família do presidente da Assembleia, que é aliado do governador Renan Filho e cobra a elucidação do crime.  Mas a polícia não confirmou a relação das prisões com a família Dantas.

O crime teria ligação com o assassinato de um segundo vereador de Batalha, Tony Carlos Silva de Medeiros, o “Tony Pretinho” (PR), trucidado por pistoleiros 36 dias depois da morte de Neguinho Boiadeiro, em meio à "ocupação" das forças policiais do Estado de Alagoas, no município sertanejo. 

No início deste mês de fevereiro, Baixinho Boiadeiro chegou a divulgar vídeo em que disse que as mortes dos vereadores teriam sido encomendada por R$ 200 mil e que seu pai e Tony Pretinho teriam sido vítimas de adversários políticos da família Dantas, porque investigavam um esquema fraudulento milionário envolvendo 17 funcionários fantasmas que não sabiam que eram utilizados como “laranjas”, na folha do Legislativo Estadual, onde recebiam entre R$ 12 mil e R$ 17 mil por mês, oficialmente, mas ficavam com apenas R$ 300.

Luiz Dantas já se manifestou publicamente favorável à apuração dos crimes, ao defender que sua família não teria participação no crime. Seu filho Paulo Dantas é casado com a prefeita de Batalha, Marina Dantas, e foram acusados diversas vezes por familiares de Neguinho Boiadeiro, de participação no crime. Todos negam as acusações.

O inquérito sobre a morte de Neguinho Boiadeiro foi prorrogado por mais 30 dias. E a defesa dos presos ainda não se manifestou sobre as acusações.

Leia a íntegra da nota da família Boiadeiro:

A família Boiadeiro, diante das últimas notícias divulgadas pela imprensa acerca dos mandados de prisão e de busca e apreensão expedidos e cumpridos no âmbito do inquérito policial que investiga o bárbaro e covarde assassinato do querido filho, pai, irmão e avô, Adelmo Rodrigues de Melo, o Neguinho Boiadeiro, vem a público se manifestar com serenidade para afirmar que as autoridades policiais e do Ministério Público estão no caminho correto!

Os indivíduos presos participaram ativamente do pusilânime assassinato do vereador mais votado nas últimas eleições municipais de 2016 na nossa cidade de Batalha, o nosso inesquecível Neguinho Boiadeiro, porém, como afirmaram categoricamente as autoridades policiais e do Ministério Público, essa é a primeira etapa e urge avançar na descoberta e exposição dos mandantes políticos do selvagem assassinato que, infelizmente, ainda não foram revelados.

Esperamos que as prisões temporárias efetuadas nessa primeira etapa sejam mantidas e transformadas em prisões preventivas. Seguramente, a manutenção dessas prisões levará às autoridades aos mandantes e pistoleiros ainda não revelados desse selvagem assassinato.

Outrossim, comunicamos a toda a sociedade alagoana que os Boiadeiros não descansarão enquanto os assassinos não estiverem na cadeia. Não queremos vingança. Queremos justiça!

Nossa família, humildemente, requer às autoridades alagoanas que não nos persigam, não adentrem em nossos lares pela madrugada, não nos intimidem com ameaças, com truculência, empunhando armas de alto poder de fogo, porque não abriremos mão de procurar justiça. Salientamos que desde o assassinato de Neguinho Boiadeiro, nossa família, enlutada, vive na diáspora que nos foi imposta, com nossos familiares tendo que sair de seus lares por causa de pressões advindas de diligências policiais que não primam pela isenção e muitas vezes materializam verdadeiros abusos, razão pela qual rogamos ao Governo do Estado de Alagoas e suas autoridades constituídas que se mantenham imparciais, republicanas e cumpridoras da lei, respeitando os nossos direitos.

Por fim, os Boiadeiros reafirmam a confiança nas autoridades constituídas, anunciando que darão publicidade nacional, inclusive comunicando a Comissão dos Direitos Humanos e Minorias (CDHM) da Câmara dos Deputados, em Brasília-DF, à OAB Nacional e à toda imprensa brasileira sobre este caso e a perseguição desumana e irracional que sofre a nossa família.

Toda a sociedade da nossa estimada cidade de Batalha/AL sabe que o nosso querido Neguinho Boiadeiro era um servidor do povo. Seu mandato era exercido em nome e em benefício do povo. Sua atuação política sempre foi para ajudar aos mais necessitados. Nossa dor será eterna pela sua ausência. Jamais esqueceremos do nosso amado Neguinho Boiadeiro.

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