Operação Trapaça

Ordens em e-mail seriam para sanar problemas em planta industrial, diz ex-BRF

“Vamos juntos eliminar todas as exposições” é uma das frases encontradas pela PF

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Em depoimento à Polícia Federal, o ex-executivo da BRF Hélio Rubens Mendes dos Santos Júnior deu a sua versão sobre o conteúdo dos e-mails corporativos que ajudaram a balizar a terceira fase da Operação Carne Fraca, denominada Trapaça. A ação resultou na prisão de 11 funcionários da gigante dos alimentos, incluindo Pedro Faria, ex-presidente da empresa.

Ex-vice-presidente da BRF, Santos Júnior afirmou em depoimento que frases de Faria – entre elas, “Hélio, por favor avalie algo drástico por lá” ou “vamos juntos eliminar todas as exposições” – representariam uma ordem para sanar os problemas da planta industrial de Rio Verde (GO). No entendimento dos procuradores, porém, as frases seriam um sinal para esconder esses problemas.

No depoimento, o ex-executivo da BRF disse também se recordar que a alta gestão da companhia considerava que a planta de Rio Verde apresentava mais problemas técnicos do que as demais fábricas, o que motivou a troca de vários gerentes daquela indústria. Além disso, lembrou que a área de qualidade foi alertada e que foi ordenada uma auditoria no local.

Acusação

No parecer do pedido de prisão dos dois executivos entregue à Justiça Federal, em Ponta Grossa, a procuradora da República Lyana Helena Joppert Kalluf considerou que e-mails e documentos que integram o processo trabalhista da ex-funcionária da BRF Adriana Marques Carvalho e materiais apreendidos nas primeiras fases da Carne Fraca, em 2017, deixam “clara a existência de associação criminosa entre os funcionários envolvidos que teriam poder de mando para questionar procedimentos da empresa ou suscitar mudanças”.

Os investigadores suspeitam que Faria e Santos Júnior tinham papel ativo na maquiagem de documentos. Ao pedir a prisão, o MPF apontou a necessidade de levantamento de mais documentos para apurar o envolvimento ou não de ambos com ilícitos. O MPF ressaltou ainda a possibilidade de os executivos poderem ajudar a esconder ilícitos. (AE)

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