Lava Jato

Operador do PMDB é alvo da Arquivo X por R$ 7 milhões em propinas

Operação aponta propinas para partido via lobista João Henriques

acessibilidade:

A 34ª fase da Operação Lava Jato, que levou para a cadeia o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega (governo Dilma Rousseff), tem como alvos dos supostos pagamentos de propina não só o PT, mas também o PMDB. O lobista João Augusto Henriques, ligado ao partido e ex-Petrobrás, recebeu valores do suposto esquema de corrupção no contrato de US$ 922 milhões para construção de módulos das plataformas de exploração de petróleo P-67 e P-60.

A Operação Arquivo X, nome dado à 34ª fase, identificou três fontes de corrupção que movimentaram pelo menos R$ 13,4 milhões e mais US$ 2,35 milhões – pagos pelo Consórcio Integra Offshore, formado pela Mendes Junior e pela OSX Construção Naval. Os valores foram pelo contratos assinado em 2012, com a Petrobrás.

Segundo o procurador regional da República Carlos Fernando dos Santos Lima, da força-tarefa da Lava Jato, a primeira vertente envolve o operador de propinas do PMDB João Augusto Rezende Henriques, já condenado pelo juiz federal Sérgio Moro.

Henriques teria recebido R$ 7,4 milhões e supostamente repassados ao partido. Um dos elos investigados do operador é com o presidente da Câmara dos Deputados cassado, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Os valores foram repassados entre fevereiro e dezembro de 2013, segundo o pedido de prisões e buscas da Arquivo X.

Os valores foram pagos pela Mendes Júnior – cujo os executivos negociam acordo de delação premiada com a Lava Jato – para a empresa Trend Empreendimentos e Participações, de Henriques. “Os repasses foram viabilizados mediante a interposição de empresa de fachada, que não possuía uma estrutura minimamente compatível com tais recebimentos.”

O ex-executivo da Petrobrás Eduardo Musa havia confessado, em delação premiada, o repasse de propinas para o operador do PMDB. A Lava Jato anexou a delação do ex-gerente da estatal que virou também executivo da Sete Brasil – empresa criada pela Petrobrás com bancos e investimento de fundos de pensão federal para contratar a construção de plataformas para o pré-sal, a partir de 2011.

PT. A segunda e terceira vertente dos pagamentos suspeitos nos contratos das plataformas P-67 e P-70 teriam beneficiado o PT: via repasses ao ex-ministro José Dirceu (Casa Civil/Governo Lula), ao ex-deputado André Vargas (ex-PT) e para o marqueteiro do partido João Santana – das campanhas de Dilma, em 2014 e 2010, e Luiz Inácio Lula da Silva, 2006.

O procurador da Lava Jato afirmou que as investigações trabalham com a hipótese de que os valores repassados a Santana foram por dívidas da campanha presidencial de 2010.

Na segunda vertente apura, Dirceu e Vargas podem ter recebido R$ 6 milhões do Consórcio Integra – e suas empresas.

A terceira frente se refere ao pedido de R$ 5 milhõesque o ex-ministro Guido Mantega teria feito a Eike Batista – o empresário afirma ter repassado um total de US$ 2,35 milhões para uma conta do publicitário João Santana e sua mulher Mônica Moura, marqueteiros das campanhas presidenciais de Lula e Dilma Rousseff. (AE)

Reportar Erro