Esquema que levou à crise

Nos EUA, executivos delatores ganham prêmio de US$ 162 mi

Justiça dos EUA dá prêmio de US$ 162 mi a executivos que denunciaram esquema de venda de hipotecas de alto risco que levou à crisede 2008

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Três executivos que resolveram delatar um esquema de vendas de hipotecas de alto risco (subprime), que levaram à crise de 2008, receberam agora uma recompensa de US$ 162 milhões da Justiça dos Estados Unidos. As denúncias feitas por eles levaram o Bank of America a pagar uma multa recorde ao governo de US$ 16,6 bilhões no ano passado.

Um dos delatores, que agora tiveram seus nomes revelados depois de anos de investigações em segredo, é Edward O?Donnell, antigo executivo da Countrywide Financial, empresa de hipotecas que faliu na crise de 2008 e foi comprada pelo Bank of America. Ele recebeu a maior parte dos recursos, ficando com US$ 58 milhões. Os outros dois são Robert Madsen, que trabalhava em uma empresa de avaliação de imóveis ligada ao BofA, e recebeu US$ 56 milhões, e Shareef Abdou, também ex-funcionário da Countrywide, que ficou com US$ 48 milhões.

O valor recebido pelo executivos da Justiça é um dos maiores já pagos no país a delatores. A Corte considerou as denúncias de O?Donnell e dos outros dois como parte essencial para as investigações avançarem e se chegar à multa bilionária ao BoFA.

A Justiça dos EUA encoraja as denúncias sobre práticas ilícitas em empresas. Para isso, caso a delação leve a punição das companhias envolvidas, quem denunciou tem direito a um prêmio que pode ficar entre 10% e 30% do valor da multa. Em um levantamento do jornal The New York Times, uma das maiores recompensas já pagas no país foi de US$ 104 milhões a um antigo executivo do banco UBS, que denunciou um esquema de evasão fiscal.

Uma das denúncias de O?Donnell era de que a Countrywide, que chegou a ser responsável por 20% do mercado de hipotecas dos EUA, continuava emprestando recursos mesmo sabendo que os clientes não teriam condições de honrar os pagamentos. Os títulos, por sua vez, eram repassados para a Fannie Mae e a Freddie Mac, duas gigantes de hipotecas que tiveram que ser absorvidas por Washington na crise de 2008.

Petrobras – No Texas, o advogado Jason Coomer, que tem um escritório na cidade de Austin, criou no fim do ano passado uma página na internet em busca de potenciais interessados em denunciar esquemas de corrupção ou outras práticas irregulares na Petrobras, que tem ações listadas na Bolsa de Nova York (Nyse). O investidor tem direito a um prêmio nos mesmos moldes do recebido pelos executivos das hipotecas, caso as denúncias levem a petroleira brasileira a ser punida.

Coomer disse recentemente  que não pode comentar como está o caso da Petrobras, porque pela lei, tudo precisa ser mantido em sigilo até a conclusão do processo. (Altamiro Júnior/AE)

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