Adolfo Pérez Esquivel

Nobel da Paz diz que impeachment de Dilma é golpe de Estado

Oposição lamenta que Esquivel tenha sido envolvido no caso por aliados

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O argentino Adolfo Pérez Esquivel, ganhador do Prêmio Nobel da Paz de 1980, reafirmou nesta quinta-feira, 28, no plenário do Senado, ter preocupação com um "possível golpe de Estado" no Brasil. Esquivel foi convidado a dar uma palavra de saudação ao Senado, mas acabou mencionando a questão do impeachment da presidente Dilma. Um pouco antes ele se reuniu com a presidente.

“Está muito claro que o que se está preparando aqui é um golpe de estado encoberto, o que nós chamamos de um golpe brando”, afirmou Esquivel, após o encontro no Palácio do Planalto.

“Espero que isso se possa resolver pelo bem do povo brasileiro. Há muitos em defesa de um possível golpe de Estado. Já houve em Honduras, no Paraguai. Agora, a mesma metodologia, que não necessita das Forças Armadas, está sendo utilizada aqui no Brasil. A metodologia é a mesma, não há variação com o golpe de estado nesses países. Países que querem mudar as coisas com políticas sociais são alvo dessa política de tratar de interromper o processo democrático”, disse o Nobel da Paz, rodeado de senadores do PT.

A menção ao “golpe” diante de senadores que julgam o caso causou indignação e acirrou os ânimos em plenário.

“Não vou admitir que a Mesa do Senado se transforme em palanque do PT”, disse o líder do DEM no Senado, Ronaldo Caiado (GO).

O senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) elogiou a figura do Prêmio Nobel e lamentou que ele tivesse sido “embrulhado” pelo PT.

O senador Cristovam Buarque (PPS-DF) disse que almoçaria com Esquivel e lamentou que não o tivesse alertado para a situação do país. “O impeachment é tão golpe quanto o Brasil é uma pátria educadora”, disse. “Acho lamentável que tenha falado em golpe e que tenhamos sido comparados a Honduras e Paraguai. Seja o que acontecer, não será golpe”, completou Cristovam.

O líder do PSDB no Senado, Cássio Cunha Lima (PB), disse que a sessão não poderia virar uma “esculhambação” e que “enganaram o senhor Esquivel”.

Michel Temer

Segundo o argentino, um eventual governo do vice-presidente Michel Temer poderia ser questionado no Mercosul e na União de Nações Sul-Americanas (Unasul), que poderiam não reconhecer uma administração que surja de um “golpe de estado.”.

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