Nem B.O. e bloqueio judicial salvam maternidade alagoana desabastecida
Após bloqueio R$ 1 milhão, ainda falta de tudo na Santa Mônica
Quase três anos após o governador Renan Filho (PMDB) reinaugurar o que passou a chamar de “Nova” Maternidade Santa Mônica, a unidade segue com 26 novos leitos de UTI/UCI fechados e com o recorrente problema de desabastecimento que amplia o perigo no atendimento às gestantes de alto risco. O problema foi alvo de boletim de ocorrência feito pela própria Direção Geral da unidade, e uma ação do Ministério Público obteve bloqueio judicial de R$ 1 milhão. Mas ainda caberá o recém-empossado reitor da Universidade Estadual de Ciência da Saúde de Alagoas (Uncisal), Henrique de Oliveira Costa, buscar solução, a partir de sindicância que abriu nesta quinta-feira (15).
Na única maternidade pública estadual de Alagoas, faltam de insumos básicos como luvas e gaze, a reagentes para realizar exames. E o novo reitor da universidade corresponsável pela unidade tenta corrigir os problemas de má gestão herdados da antiga reitora Rozangela Wyszomirska, ex-secretária de Saúde de Renan Filho.
Enquanto o governador investe pelo menos R$ 308 milhões em recursos estaduais para construir e reformar oito hospitais em Alagoas, no feriado dessa quarta-feira (15), havia apenas de 10% a 15% dos insumos necessários. “A cada momento falta alguma coisa, o que compromete o emocional do profissional, a saúde do paciente, todo o trabalho”, disse o médico obstetra Roberto Leite à TV Gazeta.
O reitor Henrique Costa afirma que, apesar do R$ 1 milhão em conta, precisa de tempo para formalizar as compras e solucionar pendências com fornecedores, contornando o problema que ele acredita ser de origem gerencial e administrativa.
“O dinheiro entrou na nossa conta há quatro dias e já iniciamos o processo de contato com empresas para o fornecimento. Algumas já se colocaram a disposição, mas às vezes alguns itens específicos estão em falta ou vão chegar daqui a uma semana, segundo previsão deles. Então a gente está correndo para ver exatamente como fazer as compras adequadas, sem ferir a questão da transparência e da legalidade, mas com a maior brevidade possível”, explicou o reitor.
Sobre os novos leitos fechados, o reitor disse esperar pelas secretarias de Estado de Planejamento, Gestão e Patrimônio (Seplag) e da Saúde (Sesau), para finalmente resolver o problema.
O caos só não é maior porque os funcionários se esforçam para não deixar de atender as grávidas de alto risco. Mas são escassos insumos como antibióticos, luvas, seringas, agulhas e anestésicos, que, quando chegam, duram menos de dois dias.
Após registro de ocorrência policial e ação judicial, a Justiça de Alagoas determinou, em 31 de outubro, o bloqueio de R$ 1 milhão das contas do Estado, para abastecer de forma emergencial a Maternidade Santa Mônica.