Munição que matou Marielle é do mesmo lote usado em chacina de SP em 2015
Três PMs foram condenados pelas mortes em Osasco e Barueri
As munições utilizadas para matar a vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ) e seu motorista, Anderson Pedro Gomes, faziam parte do mesmo lote de parte das balas utilizadas na maior chacina do estado de São Paulo – quando 17 pessoas foram assassinadas em Barueri e Osasco, na Grande São Paulo, em 13 de agosto de 2015. Três policiais militares e um guarda-civil foram condenados pelas mortes.
A descoberta foi divulgada nesta sexta-feira, 16, quando foi constatado que munições 9 milímetros do lote UZZ-18 da Companhia Brasileira de Cartuchos (CBC), originalmente encaminhado para a Polícia Federal em Brasília em 2006, foram usadas na morte da parlamentar.
As polícias Civil e Federal vão iniciar um trabalho conjunto de rastreamento para tentar descobrir se houve desvio do material.
Perícia da Delegacia de Homicídios da capital, responsável pela investigação da morte de Marielle, aponta que a munição usada no assassinato da vereadora foi usada pela primeira vez no crime, ou seja, não tinha sido recarregada e é original.
A investigação da chacina em São Paulo não conseguiu determinar o caminho da munição até o seu uso nos assassinatos em São Paulo. Integrantes da força-tarefa que investigavam a chacina consideravam que a principal hipótese é que as munições poderiam ter sido desviadas ou roubadas e acabaram nas mãos de bandidos.
O jornal O Estado de São Paulo afirma em reportagem que o promotor Marcelo Oliveira, que representou a acusação nos julgamentos em Osasco, lembrou que o Rio de Janeiro chegou a ser citado em um dos depoimentos.
"No depoimento de um capitão do Exército, chamado pela defesa, houve a menção de que um sargento havia extraviado munições e enviado para o Rio. Ele foi mandado embora da corporação, segundo esse capitão”, detalhou o promotor.
Um dos condenados pela chacina, o policial militar Victor Cristilder havia servido ao Exército e a acusação tentava descobrir uma eventual relação dele com a aquisição ilegal das munições usadas no crime. “Perguntamos sobre a munição, se o Victor tinha acesso, mas como testemunha de defesa o capitão claro que disse que ele não tinha”, disse Oliveira.
O promotor destacou a necessidade de que o caminho da munição seja investigado no caso do Rio para que se chegue aos culpados. “Se essa situação do lote realmente for confirmada, é claro que há um descontrole muito perigoso em relação a armas e munições. E fica claro para qualquer um que a suspeita recai sobre integrantes de forças de segurança”, disse.