MT: febre aftosa afeta a economia e a importância da vacinação

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No primeiro trimestre de 2018, o Brasil exportou o equivalente a R$1,2 bilhão em proteína animal. Desse total, aproximadamente 20% foi responsabilidade de um único estado: Mato Grosso, o maior produtor de gado do país, com um rebanho superior a 30 milhões de indivíduos entre bovinos, bubalinos, suínos, ovinos e caprinos. O mercado, entretanto, é guiado por regras rígidas em relação à qualidade dos produtos e uma única infração pode abalar o comércio desses animais com outros países, ou mesmo dentro do território. Por isso, o Brasil investe no controle e erradicação de determinadas doenças de seu rebanho, entre elas a Febre Aftosa.

“A Febre Aftosa é uma doença causada por um vírus, altamente contagiosa, caracterizada pelo aparecimento de aftas e feridas nos tecidos epiteliais”, explica o professor Daniel Aguiar, da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Mato Grosso (Favet/UFMT). E o risco de contágio é sério e extremo. Além das próprias feridas, o vírus pode ser encontrado no leite, na saliva e nas fezes dos animais e qualquer objeto que tenha entrado em contato com isso pode ser um vetor de transmissão de um rebanho para o outro. Até mesmo veículos podem carregar a doença em contato com um animal contaminado.

Mas existe uma questão interessante. Diferente de outras doenças como a gripe, ou a varíola, a Aftosa não atinge nós, seres humanos. Claro que ninguém quer comer uma carne cheia de vírus, de um animal cheio de feridas, mas tecnicamente falando, nenhum ser humano fica doente em contato com o vírus. O problema, então, está nos impactos dessa doença nos próprios animais. “O aparecimento da doença faz com que os animais parem de se alimentar e se movam menos, o que leva a uma queda acentuada na produção, tanto de corte como de leite”, prossegue o pesquisador.

E a queda na produção não é o único problema. Por ser um vírus muito contagioso, ninguém quer correr o risco de ter seu rebanho infectado por causa dos vizinhos, ou por causa de carne contaminada sendo importada”, explica o professor Carlos Magno Mendes, da Faculdade de Economia da UFMT. “A Febre Aftosa abala a confiança do mercado internacional na qualidade e na segurança da carne. União Europeia, China, Estados Unidos, todos esses são grandes parceiros comerciais do Brasil e em todos os acordos a questão da Febre Aftosa pode prejudicar as relações”, pontua.

Por isso, desde 1996, o Brasil reforçou sua campanha de vacinação contra a doença. De acordo com o professor Daniel, de lá para cá houveram alguns surtos, mas foram combatidos. Na esfera estadual, o Instituto de Defesa Agropecuária do Estado de Mato Grosso (Indea/MT) promove campanhas duas vezes por ano com o lema “De Mamando a Caducando”, em maio e novembro. “A vacinação é muito importante, mas o plano é que ela seja suspensa dentro de quatro ou cinco anos, quando a doença poderá ser considerada erradicada no Estado. Depois de erradicada, é importante que o país invista em barreiras sanitárias – leis e fiscalizações – para impedir a entrada de animais contaminados em nosso território”, conclui.

 

Texto: André Faust

Foto: Francisco Alves/GCOM-MT

Fonte: UFMT Ciência

 

Notícia publicada originalmente em www.brasilcti.com.br/pecuaria/mt-febre-aftosa-afeta-a-economia-e-a-importancia-da-vacinacao/

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