Fim do esquema

Ministro pede para suspender leilão de Terminal em Maceió

Privatização do Terminal de Álcool de Maceió será reavaliada

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O ministro dos Transportes Maurício Quintella, que é alagoano, vai pedir formalmente a suspensão do leilão do Terminal de Álcool de Maceió, marcado para dia 7 de dezembro, a fim de reavaliar seus impactos na economia nordestina. Quintella conversou com o colega ministro Fernando Coelho Filho, de Minas e Energia, que disse estar preocupado com o risco de o Terminal ser usado para importar álcool americano de milho, pelo Porto de Maceió. A informação é do colunista Cláudio Humberto, do Diário do Poder.

A estatal Transpetro, que não informou sobre o leilão nem à Secretaria de Portos, alega “ociosidade” do Terminal, no Porto de Maceió. E o leilão preocupa o setor sucroenergético do Nordeste: parece feito à medida para distribuidoras de combustíveis. 

Distribuidoras usariam o terminal de Maceió para importar etanol podre, à base de milho, importado dos Estados Unidos sem pagar impostos.

“Agora, a discussão é política. Já conversei com o ministro hoje [23], para verificar uma suspensão, para que a gente faça um estudo sobre a possível entrada do etanol americano no mercado do Nordeste. Ele sinalizou com preocupação também, até porque ele é pernambucano e o leilão pode atingir o mercado de Pernambuco. Estamos preocupados e buscando uma solução”, declarou o ministro dos Transportes, que foi surpreendido pelas notícias sobre os riscos do leilão, veiculadas em primeira mão pelo colunista Cláudio Humberto.

NÃO É ILEGAL, MAS…

Terminal será porta de entrada de etanol podre dos EUA (Foto:Petrobras)O leilão do terminal aquaviário que armazena 30 mil m³ de álcool no Porto de Maceió-AL não é ilegal, segundo Quintella. Mas o ministro vê a necessidade de tentar conciliar a crise a agroindústria de Alagoas e do Nordeste com os interesses da Transpetro.

Quintella afirma que sua preocupação é a mesma do ministro de Minas e Energia, o pernambucano Fernando Coelho Filho: evitar que o setor sucroalcooleiro e a economia do Nordeste sofram um duro golpe com a ampliação da importação de álcool dos Estados Unidos, em detrimento do uso dos terminais para a exportação da produção local.

Para o ministro, mesmo sendo aplicado o antidumping, aprovado pela Câmara de Comércio Exterior (CAMEX) da Presidência da República, a tendência é que realmente haja uma entrada de etanol por Maceió. Rota de ingresso esta que hoje está focada no Porto de Itaqui, em São Luís-MA.

“Vamos tentar negociar com a Transpetro a suspensão desse leilão, até que se tenha uma clareza dos impactos que isso vai ter no setor. Vamos propor alguma coisa para conjugar os interesses, que são conflitantes. Para a Transpetro, o que interessa é a movimentação dos tanques. Para parte da cadeia, interessa que chegue o etanol mais barato. E, para os produtores do etanol, não interessa essa concorrência do etanol americano. Com esse leilão, sem dúvida nenhuma vai ter uma entrada, que a gente precisa medir”, disse o ministro dos Transportes.

Maurício Quintella disse que a justificativa que lhe foi apresentada para o leilão foi de que os tanques de etanol do terminal mantêm ociosidade de 60%, causando prejuízos à Transpetro. O ministro dos Transportes até disse compreender que a ociosidade é nociva, até mesmo para a arrecadação de impostos.

“Transpetro tem o direito de leiloar, porque é arrendatária, tem uma área ociosa e quer movimentar, arrecadar. Ela está defendendo o interesse dela de superar essa ociosidade que o terminal aquaviário de Maceió tem de armazenagem. Outra coisa é o interesse do produtor local, que teremos que verificar os impactos”, disse Maurício Quintella.

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