'Crimes gravíssimos'

Ministro fala em 'alta periculosidade' de Joesley Batista

Para Imbassahy, revisão de acordo da JBS pode fragilizar denúncia

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O ministro da Secretaria de Governo, Antonio Imbassahy, disse nesta terça-feira, 5, que as revelações feitas pelo Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, e que podem levar à revisão dos benefícios de delações da J&F, fragilizam uma eventual segunda denúncia contra presidente Michel Temer (PMDB) e defendeu que os áudios que estão sendo investigados sejam logo divulgados.

"Fragiliza bastante num primeiro momento porque está se caracterizando que houve inclusive uma coisa urdida, com a participação de um dos principais auxiliares do PGR", disse Imbassahy, após participar de uma solenidade no Salão Nobre da Câmara dos Deputados.

A determinação de Janot para a abertura de investigação que poderá desembocar no cancelamento do acordo de delação da JBS ocorreu em razão do que o procurador-geral classificou de "indícios de crimes gravíssimos", envolvendo o seu ex-auxiliar Marcelo Miller.

"Como disse o próprio procurador-geral da República, é um fato gravíssimo revela o caráter, a conduta de alta periculosidade dos dois principais parceiros da JBS. E certamente vai trazer impacto nessas denuncias que foram promovidas nos últimos tempos", avaliou Imbassahy.

Segundo o ministro, no entanto, é preciso aguardar o desdobramento dos fatos. "Fundamental é que se torne conhecido o áudio, para que se perceba a extensão da gravidade do assunto", afirmou o ministro, que defendeu o instituto da delação premiada. "Tem que preservar. O instituto da delação é de alta qualidade. Se alguma coisa tem que se fazer para corrigir isso é ao longo do tempo", completou.

Apesar de dizer que sente um clima melhor no Congresso com as revelações feitas nesta segunda-feira por Janot, Imbassahy não quis cravar que a Reforma da Previdência pode ganhar novo fôlego e ressuscitar na Câmara. “Vai se ver ao longo do tempo. Esse fato aconteceu ontem no final da tarde. É preciso que conheça o áudio por inteiro a sociedade exige isso”, reforçou.

Imbassahy disse ainda que falou com Temer todos os dias durante a viagem do presidente para China e disse que eles comentaram o assunto “com serenidade e tranquilidade”. “Evidentemente que ele comentou esse assunto, mas mantendo a tranquilidade e a serenidade de um resultado que vai caracterizar a isenção dele, a conduta de base que ele sempre praticou ao logo da vida pública”, disse.

Ao ser questionado se os novos fatos poderiam ajudar a diminuir o racha no PSDB, seu partido, e angariar mais parlamentares para a base de Temer, Imbassahy afirmou que é preciso aguardar. “Não sei. É preciso conhecer melhor o áudio, o impacto foi muito grande, eu percebo isso, inclusive a mudança no ambiente aqui no Congresso.  Agora é aguardar um pouco”, disse. Segundo o ministro sua posição continua de acreditar na “robustez da base aliada”. (AE)

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