'Diário do Poder' antecipou

Michel Temer não renuncia e nega que tenha tentado silenciar Cunha

Presidente é enfático e nega participação no suborno a Cunha

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Contrariando todas as expectativas, o presidente Michel Temer acaba de confirmar avançada pelo jornalista Cláudio Humberto, colunista do Diário do Poder, e declarou enfaticamente: "Não renunciarei!". No breve pronunciamento, ele disse que se recusa a "jogar no lixo da História" tanto esforço para promover as reformas de que o Pais tanto necessita, para superar a crise e retomar o caminho do desenvolvimento.

Desde ontem à noite, quando foram conhecidas as denúncias da delação do Grupo JBS, os meios políticos de Brasília aguardavam a renúncia do presidente. Somente às 15h28, o Diário do Poder noticiou que Temer decidira não renunciar. mas ele contrariou a expectativa dos próprios auxiliares e ainda não anunciou seu apoio à proposta de emenda constitucional que antecipa as eleições presidenciais previstas para o próximo ano.

O presidente Michel Temer veio a público na tarde desta quinta-feira (18) para se manifestar sobre a denúncia do jornal 'O Globo' de ontem, onde Temer teria incentivado Joesley Batista, dono da JBS Friboi, a continuar a subornar o ex-deputado Eduardo Cunha para que ele se mantenha em silêncio. "Não comprei o silêncio de ninguém", afirmou Temer.

Segundo o presidente, esta semana foi o "melhor e pior momento" do seu governo, após resultados positivos na área econômica, houve a divulgação da delação da JBS Friboi. Para Temer, a divulgação do grampo de Joesley "trouxe de volta o fantasma de crise política".

Leia a íntegra do pronunciamento de Termer
"Olha, ao cumprimentá-los, eu quero fazer uma declaração à imprensa brasileira e uma declaração ao País. E, desde logo, ressalto que só falo agora – os fatos se deram ontem – porque eu tentei conhecer, primeiramente, o conteúdo de gravações que me citam. Solicitei, aliás, oficialmente, ao Supremo Tribunal Federal, acesso a esses documentos. Mas até o presente momento não o consegui.

Quero deixar muito claro, dizendo que o meu governo viveu, nesta semana, seu melhor e seu pior momento. Os indicadores de queda da inflação, os números de retorno ao crescimento da economia e os dados de geração de empregos, criaram esperança de dias melhores. O otimismo retornava e as reformas avançavam, no Congresso Nacional. Ontem, contudo, a revelação de conversa gravada clandestinamente trouxe volta o fantasma de crise política de proporção ainda não dimensionada.

Portanto, todo um imenso esforço de retirar o País de sua maior recessão pode se tornar inútil. E nós não podemos jogar no lixo da história tanto trabalho feito em prol do País. Houve, realmente, o relato de um empresário que, por ter relações com um ex-deputado, auxiliava a família do ex-parlamentar. Não solicitei que isso acontecesse. E somente tive conhecimento desse fato nessa conversa pedida pelo empresário.

Repito e ressalto: em nenhum momento autorizei que pagassem a quem quer que seja para ficar calado. Não comprei o silêncio de ninguém. Por uma razão singelíssima: exata e precisamente porque não temo nenhuma delação,  não preciso de cargo público nem de foro especial. Nada tenho a esconder, sempre honrei meu nome, na universidade, na vida pública, na vida profissional, nos meus escritos, nos meus trabalhos. E nunca autorizei, por isso mesmo, que utilizassem o meu nome indevidamente.

E por isso quero registrar enfaticamente: a investigação pedida pelo Supremo Tribunal Federal será território, onde surgirão todas as explicações. E no Supremo, demonstrarei não ter nenhum envolvimento com esses fatos.

Não renunciarei, repito, não renunciarei! Sei o que fiz e sei da correção dos meus atos. Exijo investigação plena e muito rápida, para os esclarecimentos ao povo brasileiro. Esta situação de dubiedade ou de dúvida não pode persistir por muito tempo. Se foram rápidas nas gravações clandestinas, não podem tardar nas investigações e na solução respeitantemente a estas investigações.

Tanto esforço e dificuldades superadas, meu único compromisso, meus senhores e minhas senhoras, é com o Brasil. E é só este compromisso que me guiará.

Muito obrigado. Muito boa tarde a todos."

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