Nota de repúdio

‘Lula vende-se como um perseguido, o que nunca foi’, reagem procuradores

Em comício, petista acusou 'procuradores e asseclas de sacanagem'

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A Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) divulgou nota de repúdio às críticas feitas neste sábado, 7, pelo ex-presidente Lula ao Ministério Público e ao procurador Deltan Dallagnol, da força-tarefa da Operação Lava Jato. O presidente da ANPR, José Robalinho Cavalcanti, disse que Dallangnol e equipe foram "agredidos de forma absolutamente injusta e descabida".

Para a associação, as críticas do ex-presidente integram uma "clara estratégia que busca inverter os papéis". "A Justiça, em todas as instâncias que se pronunciaram até o presente momento, deu integral razão aos procuradores da República em Curitiba", diz a nota.

Ainda de acordo com o documento, todos podem divergir, mas jamais ironizar. "É direito do ex-presidente, como de qualquer pessoa, demonstrar inconformismo ou difundir a versão que lhe aprouver. Nenhum cidadão está acima da lei, e ninguém, por mais importante líder que seja, ou maior tenha sido o cargo que ocupou, pode zombar e menosprezar a Justiça. As instituições são pilares da democracia."

Em seu discurso, em São Bernardo do Campo (SP), antes de ser preso, Lula desafiou procuradores, policiais federais, desembargadores do Tribunal da Lava Jato e o juiz federal Sérgio Moro a um ‘debate’ sobre as provas. “A antecipação da morte da Marisa (Letícia, ex-primeira-dama) foi a safadeza e a sacanagem que a imprensa e o Ministério Público fizeram contra ela. Eu tenho certeza (…) E a história, daqui a alguns dias, vai provar que quem cometeu crime foi o delegado que me acusou, foi o juiz que me julgou e foi o Ministério Público que foi leviano comigo”, disse o petista.

Lula voltou a criticar a apresentação da denúncia no caso triplex, pela Operação Lava Jato, por meio de uma apresentação de power point. “O que eu não posso admitir é um procurador que fez um PowerPoint e foi pra televisão dizer que o PT é uma organização criminosa que nasceu para roubar o Brasil e que o Lula, por ser a figura mais importante desse partido, é o chefe, e, portanto, se o Lula é o chefe, diz o procurador, ‘eu não preciso de provas, eu tenho convicção’. Eu quero que ele guarde a convicção deles para os comparsas deles, para os asseclas deles e não para mim.”

Em referência ao juiz federal Sérgio Moro, que decretou a prisão do ex-presidente, Lula afirmou: “o juiz tem que ter a cabeça mais fria, mais responsabilidade de fazer acusação ou de condenar".

O presidente da ANPR diz que ‘para desmascarar a versão fantasiosa de uma conspiração do mundo’ contra Lula ‘basta observar, por exemplo, que, dos seis ministros da mais alta Corte da Justiça brasileira que negaram o habeas corpus preventivo a ele na última quarta-feira, quatro foram indicados pela ex-presidente Dilma Rousseff, pelo próprio então presidente Lula, e um pelo presidente Michel Temer, eleito em 2014 na chapa de Dilma e do PT’.

“Nada nem ninguém afastará os membros do MPF do cumprimento equilibrado, impessoal e destemido de seus deveres. A ANPR repudia os ataques e se solidariza integralmente com o Procurador da República Deltan Dallagnol e com os componentes da Força-Tarefa Lava Jato. O ataque a um membro do MPF é um ataque a todos”, conclui a entidade.

“É nestas circunstâncias, portanto, mais do que fantasioso – entra em verdade nas raias do delírio e da ofensa irresponsável e gratuita – imaginar que o Ministério Público Federal independente e a Justiça brasileira como um todo, encimada por um Supremo Tribunal Federal, estariam mancomunados em uma trama contra o ex-presidente. As versões podem ser várias. A verdade e as provas são uma só. E elas impuseram a condenação do ex-presidente”, ressalta.

Robalinho destaca que a Lava Jato investiga ‘centenas de pessoas, de réus e de já condenados, muitos deles ligados, sim, a partidos políticos, mas de muitos partidos’. “A atuação da Força-Tarefa fundamenta-se em provas robustas reunidas ao longo de anos de investigações que se tornaram referência no Brasil e no mundo”.

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