Operação Satélites

Lava Jato fez buscas em hotel e casa de gerente da Braskem em AL

Pradines agendou encontro em que Renan pediu doação para filho

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O diretor de Marketing e Relações Institucionais da Braskem em Alagoas, Milton Pradines, pode ter sido um dos alvos da nova fase da Lava Jato, a Operação Satélites, deflagrada em Maceió pela Polícia Federal, nessa terça-feira (21), em endereços que poderiam contribuir com a investigação da doação de R$ 500 mil para a campanha do governador Renan Filho (PMDB), em 2014, obtida junto à Odebrecht por meio da Braskem, a pedido do senador Renan Calheiros (PMDB-AL). Um hotel da Orla de Pajuçara também foi alvo da operação.

Na delação do ex-executivo da Odebrecht, Cláudio Melo Filho, o jornalista Milton Pradines é apenas citado como a pessoa que agendou o encontro dele com Renan para tratar de renovação dos contratos de fornecimento de energia para empresas eletrointensivas do Nordeste, para as plantas industriais.

Pradines marcou encontro em que Renan pediu doação

Segundo o delator, na ocasião, um pedido de doação para campanha de Renan Filho, feito por Calheiros, foi entendido por Cláudio Melo Filho como contrapartida para a renovação dos contratos de energia para empresas eletrointensivas.

"Acredito que o pedido de pagamento de campanha a seu filho ao governo do Estado de Alagoas, justamente no momento em que se apresentavam os aspectos técnicos relevantes, era uma contrapartida para o forte apoio dado à renovação dos contratos de energia, inclusive publicamente, e que culminou na edição da MP n. 677/15", diz um trecho da delação. 

Cláudio Melo Filho diz ainda que ouviu do ex-diretor da Odebrecht que a doação foi agilizada também por causa do interesse na obra do Canal do Sertão de Alagoas.

A suspeita de que Milton Pradines foi alvo da PF também chegou ao gabinete do governador Renan Filho. Um dos seus auxiliares mais importantes confirmou ao Diário do Poder que tomou conhecimento disso. Também dois dirigentes de partidos aliados do governo de Renan Filho confirmaram a informação.

Hotel Best Western Premier foi alvo da PF

O Diário do Poder enviou perguntas para Pradines via aplicativo WhatsApp e obteve uma informação reveladora: desde as 6h47 da manhã seu telefone não recebe ou emite mensagens. A hora coincide com a chegada de agentes da PF em endereços nos quais são cumpridos mandados judiciais. É procedimento padrão da Polícia Federal, no cumprimento de mandados, confiscar o aparelho de telefone celular do investigado, que se encontrava desligado ou fora de serviço, na noite dessa terça.

LISTA DE HÓSPEDES

Com agentes a paisana e viaturas descaracterizadas, a PF esteve no Hotel Best Western Premier, antigo Raddisson. Os federais agiram com discrição na busca por dados sobre pessoas que estiveram no hotel entre 2010 e 2014.

Em ambos os endereços, apreenderam documentos e mídias eletrônicas. O nome Satélites teria relação com o fato de os alvos não terem relação direta com os investigados.

Foi a primeira vez em que foram utilizadas informações dos acordos de colaboração premiada firmados com executivos e ex-executivos da Odebrecht. Os acordos foram homologados pelo STF em janeiro deste ano.

 

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