Jornalista Moacir Japiassu morre de derrame aos 73 anos
"Meu ruivo adorado foi embora", escreveu sua mulher Márcia no Facebook
Jornalista por cinco décadas nas principais redações do País, morreu na quarta-feira, 4, na Santa Casa de Cunha, interior paulista, o paraibano-mineiro-paulista – e vascaíno roxo – Moacir Japiassu. Aos 73 anos, os últimos 40 em São Paulo, Japi, como o chamavam todos, não resistiu no final da manhã a um novo derrame – havia sofrido o primeiro em setembro. O sepultamento será na manhã desta quinta-feira, 5, no jazigo da família no cemitério municipal de Cunha. Deixa a mulher, Marcia Lobo, o filho Daniel – ambos também jornalistas -, nora e três netas.
"Meu ruivo adorado foi embora", escreveu Marcia no Facebook. "A última coisa que me disse foi que queria morrer. E, como era do seu temperamento, fez o que achou melhor", dizia ainda a mensagem. "Além do pai, perdi o meu professor de jornalismo", resumiu Daniel.
Japi havia sofrido um derrame no dia 12 de setembro e foi submetido a uma cirurgia em São José dos Campos. Apresentou melhoras, mas não conseguiu voltar a falar. Comunicava-se, nas últimas semanas, por gestos ou recados escritos.
Ainda jovem, Japi mudou-se com a família para Belo Horizonte e depois foi para o Rio, antes de se instalar em São Paulo. Sua carreira, iniciada no Diário de Notícias, em BH, passou pelo Estado de S. Paulo, Jornal da Tarde, Isto É, Veja, Senhor e Fantástico, da TV Globo. Em seus últimos tempos, divertia-se caçando notícias estranhas ou erros de todo tipo na mídia, com os quais alimentava a coluna "Perdão, Leitores", da revista Imprensa, e depois o Jornal da Imprença, do Portal Comunique-se. Em certo momento, entre tantas crises no País, afirmou: "No Brasil, a realidade é tão impressionante, sórdida, canalha, que já pode ser considerada ficção".
Chefe e grande amigo dele nos idos do Jornal do Brasil, Alberto Dines o considerava um condutor de valores. "Japi foi um talento único, que fez uma transição geracional no jornalismo da geração anterior, atualizando o olhar e a linguagem. Uma tarefa essencial, daquelas que tornam uma pessoa perene." O diretor de jornalismo da Band, Fernando Mitre, que conviveu com Japiassu em Belo Horizonte e depois foi seu chefe no Jornal da Tarde, relembra: "Quando comecei em Minas, não tive dificuldade em encontrar minha referência: era Japiassu, o mais talentoso de todos nós. Texto sempre inspirado, brilhava e nos estimulava todos os dias. Marcou as redações por onde passou como brilhante jornalista e ótimo colega."