Debandada do PMDB

Jaques Wagner diz que relação de Dilma e Temer está "interditada"

Para ministro, debandada é "ótima oportunidade de repactuar o governo"

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O ministro-chefe do Gabinete da Presidência da República, Jaques Wagner, afirmou nesta terça-feira, 29, que a saída do PMDB abre caminho para uma “repactuação” com os demais partidos da base aliada. Ele admitiu, porém, que a relação entre a presidente Dilma Rousseff e o vice Michel Temer ficou “politicamente interditada” após a decisão.

“A decisão do PMDB chega em uma boa hora, porque oferece à presidente Dilma a chance de repactuar o seu governo, ou seja, de começar um novo governo”, disse o ministro.

Segundo Wagner, os sete ministérios que eram ocupados pelo PMDB serão distribuídos para outros partidos da base. “Até sexta-feira haverá novidades. Sai um aliado de longa data, mantêm-se outros”, disse.

Na noite desta terça, Dilma vai reunir os ministros da sigla no Palácio da Alvorada para saber quais deles querem permanecer no governo. Henrique Eduardo Alves, que ocupava o Ministério do Turismo, deixou o cargo na segunda-feira.

O Palácio do Planalto demorou mais de três horas para se manifestar, oficialmente, sobre o desembarque do PMDB do governo. Mesmo com a decisão já aguardada há dias, auxiliares de Dilma mantiveram o silêncio logo durante toda a tarde.

Impeachment. Numa referência ao processo de impeachment que tramita no Congresso, o ministro considerou que “foi bom PMDB ter tomado decisão antes da votação que se aproxima”. Ele voltou a defender que o afastamento da presidente carece de base legal, e que isso se configura como um golpe contra a democracia.

Caso o impeachment de Dilma seja aprovado, Temer é quem assume o poder. Sem citar o vice, Wagner colocou em xeque a legitimidade de um governo do peemedebista. “Se alguém com 54 milhões de votos já tem dificuldade, alguém que não tem pode ter ainda mais dificuldade”, afirmou.

Apesar de considerar que o relacionamento entre Dilma e Temer está "interditado", ele evitou responder se o vice deveria renunciar ao cargo e disse que, independentemente disso, a presidente terá sempre uma relação “educada” com o peemedebista. “Sair do governo é decisão pessoal do Temer, vocês deveriam perguntar a ele se ele vai sair”, disse o ministro.

O ministro também ironizou o fato de o encontro da legenda para oficializar o desembarque do governo ter durado menos de cinco minutos. “Eu não sei o que o PMDB queria, talvez um título no Guinness Book”, afirmou. (AE)

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