Lava Jato

Janot deixa governo atordoado e sob 'ambiente de incerteza'

Dilma fica ainda mais aturdida com posição de Janot contra Lula

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O governo ficou atordoado com a mudança de posição do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que recomendou ao Supremo Tribunal Federal (STF) a anulação da nomeação do ex-presidente Lula para a Casa Civil.

No Palácio do Planalto, ninguém quis comentar oficialmente o parecer de Janot, mas auxiliares da presidente Dilma disseram que a confiança na posse de Lula na Casa Civil cedeu lugar a um ambiente de incerteza.

O ambiente de insegurança na Presidência da República vem se tornando cada vez mais perceptível nas atitudes de Dilma, cujos discursos estão cada vez mais agressivos contra a Justiça. Até como estratégia para não ter de responder às denúncias que surgem a cada dia, a presidente prefere atacar "golpe", "vazamentos" etc.

Nesta quinta-feira (7), Dilma discursou nitidamente afetada pela denúncia do dia: a confirmação de que dirigentes da empreiteira Andrade Gutierrez confessaram o pagamento de propina de R$20 milhões, na forma de "doação eleitoral", à sua campanha de reeleição de 2014. Mesmo diante de mais um comício no Palácio do Planalto, desta vez com a presente de militantes petistas ligadas a motivmentos de mulheres, Dilma pareceu absorta, distante, preocupada, perdida.

A outra má notícia do dia, que dificulta a posse de Lula na Casa Civil, também contribuiu para o inferno astral da presidente. Janot defendeu a nomeação de Lula em parecer do dia 28 de março, quando também se disse favorável à manutenção das investigações relacionadas a ele com o juiz Sérgio Moro.

No novo parecer enviado ao Supremo, porém, sinalizando que fatos novos firmaram a nova convocção, o procurador-geral da República agora vê "desvio de finalidade" na nomeação, porque Dilma teria revelado uma "sofreguidão" para encaixar o ex-presidente na Casa Civil.

Quando o ministro do Supremo Gilmar Mendes suspendeu os efeitos da posse de Lula, em 18 de março, o argumento usado por ele foi o de que o petista – alvo da Operação Lava Jato – havia sido nomeado apenas para conseguir prerrogativa de foro privilegiado, escapando da alçada de Moro. A Advocacia-Geral da União (AGU) recorreu da decisão de Gilmar e o caso ainda aguarda julgamento.

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