Orientações

Itamaraty faz cartilha para gays no exterior

O texto serve de alerta para brasileiros sobre países, zonas e comunidades de risco

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O Itamaraty finaliza cartilha de 18 capítulos dirigida à comunidade LGBT brasileira no exterior. O documento apresentado na quarta-feira, 18, na 5ª Conferência de Brasileiros no Mundo, que vai até a sexta-feira, 20, em Salvador, orienta integrantes da comunidade que vivem fora do Brasil ou que estejam em viagem a terem "comportamento discreto" dependendo do país de moradia ou destino.

A cartilha, segundo o subsecretário Geórgenes Marçal Neves, da Divisão de Assistência Consular (DAC) do Itamaraty, que organiza o texto, serve de alerta para brasileiros sobre países, zonas e comunidades estrangeiras nos quais a homossexualidade é considerada crime ou sofre restrições sociais.

O Brasil tem, segundo dados citados na Conferência, cerca de 200 mil integrantes da comunidade LGBT no exterior. A projeção tem como base o porcentual de LGBTs declarados no País, que varia de 8% a 10% da população.

Mas Beto de Jesus, diretor da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas e Travestis (ABGLT), e dirigente da Associação Internacional de Gays e Lésbicas (Ilga), criticou essa estimativa. "Não há como fazer esse cálculo", disse Jesus. "Qualquer número é chute", afirmou.

Jesus declarou ainda que considera a iniciativa do Itamaraty "interessante" para a comunidade. Mas ele destacou que as entidades não participaram do documento. "Eu não conheço essa cartilha. Isso é estranho", afirmou o representante da comunidade LGBT.

Jesus disse que não concorda com a abordagem de "comportamento discreto". Mas defendeu que gays tenham cuidado e se preocupem em observar os costumes e as leis dos países que visitam "para evitar problemas". Ele lembrou que em locais como o Egito há gays que até evitam falar a palavra em inglês, como precaução. "Eu, pessoalmente, não viajo para esses países."

Jesus acrescentou que as entidades LGBT também editam cartilha sobre o tema, atualizada todos os anos no dia 17 de maio, data mundial de combate à homofobia e ao preconceito. "No nosso material temos uma lista de países com legislação punitiva", afirmou. (AE)

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