Crise no governo

Investigação de dois ministros é mais um fator de desgaste para Dilma

Investigação de ministros da ante-sala agrava situação de Dilma

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A investigação de dois ministros diretamente ligados à presidente Dilma Rousseff, ambos com gabinete no Palácio do Planalto, é mais um fator de desgaste para a petista e mais um ingrediente pesado ao clima político já ruim de Brasília. Um ministro consultado pelo Estado tentou minimizar o problema alegando que "investigação não é denúncia". Justificou ainda sua tese lembrando que, no final do mês passado, a Procuradoria Geral da República, responsável pelas investigações da Operação Lava Jato junto ao Supremo Tribunal Federal (STF), pediu o arquivamento do inquérito contra o ex-governador de Minas Gerais e senador Antonio Anastasia (PSDB-MG) depois de ter, primeiro, aberto uma investigação, porque a PGR entendeu que não havia "elementos mínimos" para prossegui-la. E é nisso que eles apostam.

A presidente Dilma tem defendido todas as investigações, mas também tem destacado que não é possível fazer prejulgamento de ninguém. Nesse clima, pelo menos por enquanto, não se fala em afastamento deles no Planalto. Mas a presidente sabe que será cobrada a endossar ou reiterar sua confiança neles, ou ainda sair em defesa deles, como fez na última quarta-feira, em relação ao ministro da Fazenda, Joaquim Levy, por motivos completamente diferentes.

Os ministros da Comunicação Social, Edinho Silva, e da Casa Civil, Aloizio Mercadante, que tiveram autorização dada pelo STF para investigação, têm reiterado que todas as doações foram legais. Mas uma das linhas desta investigação é se os recursos doados, mesmo que por meios legais, são oriundos de desvios de contratos, ou seja, de propina.

A presidente Dilma tem uma reunião agendada com os ministros no final do dia, no Palácio da Alvorada, e o tema, que antes estava previsto para ser buscar meios para cobrir o rombo de R$ 30,5 bilhões do orçamento, deve se deslocar, mais uma vez, para a crise política. O vice-presidente Michel Temer, que havia sido convidado para esta reunião de domingo no Alvorada, não recebeu confirmação do encontro e, a princípio, só deverá estar com a presidente Dilma no palanque da Esplanada dos Ministérios, durante as comemorações do dia 7 de setembro, na manhã desta segunda-feira.

Os dois estão afastados e este distanciamento ficou ainda mais claro depois de Temer dizer que, com 7% de popularidade, a presidente não resiste mais três anos e meio. Na noite de sábado uma série de inserções do PMDB foram ao ar com a temática de que "a verdade é sempre a melhor escolha", o que também foi entendido como mais uma pitada para o problema com o partido, que tem vários adeptos da teoria de que é preciso desembarcar do governo. Em um dos vídeos, o vice-presidente da República e presidente nacional do partido, Michel Temer, ressalta que o PMDB "não tem medo da verdade que virá".

Desfile de 7 de setembro

Há uma preocupação do governo de como serão as manifestações no dia 7 de setembro pelo País. O PT desistiu de convocar a população para ir às ruas de verde e amarelo, mas sabe que poderá haver consequências ao anúncio desta iniciativa, mesmo com o recuo. Para evitar alimentar o recrudescimento de uma nova onda de protestos e panelaços pelas cidades, a presidente Dilma Rousseff desistiu de convocar cadeia de rádio e TV para exaltar o dia da Pátria. A exemplo do que aconteceu em primeiro de maio, sua manifestação deverá ser por meio das redes sociais, em particular o Facebook. 

Um forte esquema de segurança foi montado para evitar que qualquer tipo de protesto chegue perto da presidente Dilma. Mas ela não está livre de ser vaiada no trajeto. Para tentar evitar contratempos, as arquibancadas próximas ao palanque presidencial serão ocupadas por convidados que receberam convites diretamente do Planalto. Além disso, haverá revistas para evitar faixas, cartazes e objetos que possam ser jogados contra as autoridades.

Vários protestos estão previstos de ocorrer, mas os manifestantes só terão acesso à Esplanada dos Ministérios após o fim do desfile oficial. O boneco Pixuleco, que mostra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva vestido com roupa de presidiário, também só terá acesso à Esplanada depois que as autoridades deixarem o local e as pistas forem liberadas.

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