OMC

Guerra comercial levará mundo a 'profunda recessão', diz Roberto Azevedo

Para diretor da OMC, 'olho por olho deixará todos cegos'

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O brasileiro Roberto Azevedo, diretor-geral da OMC, alertou nesta segunda-feira que retaliações contra as medidas protecionistas dos EUA e a decisão de Donald Trump de aplicar novas tarifas contra o setor siderúrgico podem acabar causando danos a todos. 

“Uma vez que entremos nesse caminho, será muito difícil reverter a direção”, disse Azevedo. “Olho por olho deixará todos nós cegos e o mundo em uma profunda recessão”, afirmou o brasileiro ao grupo de governos que se reuniram nesta segunda-feira, em Genebra. “Temos de fazer todos os esforços para evitar ver o primeiro dominó cair. Ainda há tempo”, disse o diplomata. 

“Tenho dito por algum tempo ainda que, ainda que o ambiente comercial tenha mostrado sinais de recuperação recentemente, ainda existem incertezas e riscos que não podem ser ignorados”, afirmou. 

“Diante dos recentes anúncios sobre medidas de política comercial, está claro que vemos um risco muito maior e claro de iniciar uma escala de barreiras comerciais pelo mundo”, insistiu Azevedo. “Não podemos ignorar esse risco e pedimos a todos  que considerem e reflitam sobre essa situação de forma cuidadosa”, completou. 

Brasil

O governo brasileiro protestou nesta segunda-feira na Organização Mundial do Comércio contra os planos do governo de Donald Trump. Brasília pediu que a Casa Branca repense sua decisão.

Falando durante uma das principais reuniões da OMC, representantes do Itamaraty insistiram que o sistema "não vive tempos normais" e que a entidade "enfrenta sérios desafios, mesmo existenciais".

Sem citar nominalmente os EUA, o governo brasileiro deixou claro sua frustração. "No centro da ameaça está o protecionismo", disse. "O recente anúncio unilateral, por um importante membro, leva essa ameaça a um novo patamar", disse. 

"Temos profundas preocupações sobre as implicações sistêmicas, o que poderia levar a sérias consequências que não seriam de interesse de ninguém", afirmou o Brasil, numa alusão a uma guerra comercial. "Pedimos a esse membro que reconsidere sua decisão", disse. Durante o encontro da OMC, Europa, Japão e outras delegações também criticaram as medidas americanas. (AE)

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