Crise por corrupção

Grupo OAS reduz pela metade carteira de contratos

Em recuperação judicial, empresa envolvida na Lava Jato tem agora R$ 11 bilhões a receber em projetos já contratados até 2018

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O grupo OAS, envolvido na Lava Jato e que está em recuperação judicial, inicia hoje uma rodada de conversas com credores em que apresenta uma série de informações para tentar convencê-los da capacidade operacional da construtora, o negócio que será o único foco do grupo. A construtora foi reduzida à metade e os contratos que eram de R$ 21,8 bilhões até o fim do ano passado estão agora em R$ 11 bilhões. 

A redução se deu por meio de uma renegociação em 15 contratos, segundo informou a empresa. Cinco deles foram assumidos integralmente por outras empresas que não estavam nos projetos, um deles foi assumido por um parceiro e o restante redefinido prazos ou redução do tamanho de execuções da obra.

O grupo também mostra que de março a maio conseguiu economizar R$ 500 milhões que deveriam ter saído de seu caixa, basicamente com renegociação de prazo de crédito de capital de giro e fornecedores. Mas também com redução de pessoal. Na parte corporativa do grupo 140 pessoas foram demitidas. Além disso, 15 mil trabalhadores deixaram a empresa após o fim de contratos de execução de obra. 

A estimativa da empresa é que a partir de 2016 volte a ganhar novos contratos entre R$ 2 bilhões a R$ 3,5 bilhões. A partir de 2017, espera chegar a R$ 5,6 bilhões por ano. O crescimento esperado é de 9% ao ano, ante os 20% que vinha crescendo nos anos que antecederam a crise com a Operação Lava Jato. A empresa pretende vender todos os ativos que não estejam no setor de construção, entre elas a concessionária Invepar, dona do aeroporto de Guarulhos. 

A construtora teve seus principais executivos envolvidos na Operação da Polícia Federal e um dos sócios, Léo Pinheiro, está até hoje preso. A empresa, entretanto, mantém a premissa de inocência em seus resultados contábeis. Não vai apresentar, por exemplo, nenhuma estimativa de perdas com a Lava Jato que envolvam multas de órgãos governamentais ou processos em geral. Para se ter uma ideia, a Camargo Correa estimou R$ 792 milhões em perdas potenciais. 

Outra mudança que vai acontecer na empresa é a alteração da estrutura administrativa. A partir de agora nenhum acionista ou pessoa ligada aos acionistas poderá assumir cargo executivo. Os acionistas ficarão apenas no Conselho de Acionistas, que toma as decisões estratégicas, mas operacionalmente executivos de mercado vão tomar à frente da operação. Foram extintos oito cargos de diretores e o presidente da construtora é agora Elmar Varjão, que era diretor operacional da construtora na região Nordeste. (AE)

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