Depoimento à PF

Falcão acusa mídia e direita de tentar 'criminalizar' o PT

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O presidente do PT, Rui Falcão, afirmou à Polícia Federal que "setores da mídia monopolizada e parte do aparelho do Estado capturado pela direita" tentam "criminalizar" o PT. A declaração foi no dia 8 de dezembro, em Brasília. A PF indagou se ele gostaria de nomear os "setores da mídia monopolizada e parte do aparelho do Estado capturado pela direita", mas o presidente do partido esquivou-se e "preferiu não mencioná-los".

Ao delegado da PF José Azevedo de Sousa, o presidente do PT anotou que "os objetivos destes segmentos seriam proscrever o partido e desestabilizar o governo da presidenta Dilma".

Rui Falcão depôs no inquérito instaurado pela PF para investigar o processo sistêmico de distribuição de recursos ilícitos a agentes públicos e a partidos, em especial o PT, o PMDB e o PP.

Segundo o inquérito, esses partidos "indicaram e mantiveram, mediante apoio político, ocupantes do cargo de diretor em diversas Diretorias da Petrobras, nas quais se descobriu um grande esquema de corrupção e lavagem de dinheiro, materializado a partir da solicitação e pagamento de vantagens indevidas incidentes sobre o valor dos contratos celebrados pelas respectivas Diretorias".

Este inquérito da PF corre sob a guarda do Supremo Tribunal Federal. A investigação mira em políticos com foro privilegiado, deputados e senadores. Neste inquérito também já depôs o ex-presidente Lula, não como investigado, mas na condição de informante. Mesma situação de Rui Falcão.

Em um trecho de seu relato, o presidente do PT disse que as empreiteiras OAS, Odebrecht, Queiroz Galvão, Camargo Correa e UTC são as maiores doadoras do partido porque a legenda "tem um bom projeto para o País". Todas as empresas são investigadas por envolvimento no esquema de corrupção da Petrobras.

Rui Falcão afirmou também que não recorda em que momento o PT procurou as empresas investigadas para obter doações, e reiterou à Polícia Federal que as contas das duas campanhas da presidente Dilma Rousseff foram aprovadas pela Justiça Eleitoral. Quando afirmou que a razão para tantos réus delatores da Operação Lava Jato apontarem seu partido como beneficiário da corrupção, ele falou na "tentativa de criminalização do partido".

A PF indagou Falcão a que ele atribui ou justifica a condenação de João Vaccari Neto, quadro histórico e ex-tesoureiro do PT preso desde março na Lava Jato e condenado sob suspeita de arrecadar propinas para o caixa da agremiação. "O depoente afirma que tal condenação não é definitiva, decorre exclusivamente de delações e não está amparada em qualquer prova material".

Rui Falcão disse que "não tinha conhecimento do esquema de corrupção instituído na Petrobras". "Que João Vaccari Neto tinha autorização do partido para solicitar e receber contribuições estritamente dentro dos marcos legais, que portanto se solicitou ou recebeu vantagem indevida não o fez em nome do partido."

Ele informou que o PT "paga a defesa judicial de Vaccari". "O PT arca com os custos desta defesa pelo fato de que João Vaccari continua a ser filiado ao Partido."

A PF o questionou se "todos os membros do PT têm direito à defesa paga pela sigla". Ele disse: "Não. Têm direito ao custeio de suas defesas os ex-dirigentes no exercício de suas atividades partidárias e em decorrência de funções delegadas pelo partido; que acredita que tais previsões não constem do Estatuto do Partido; que o custeio destas despesas são decisões do Diretório Nacional."

Rui Falcão disse, ainda, que Vaccari não foi expulso da legenda "porque não houve transgressão estatutária, visto que a juízo do Partido não há prova de que João Vaccari tenha praticado os crimes a ele atribuídos".

Ele disse que, em sua opinião, "João Vaccari Neto é inocente."

A PF o questionou sobre empréstimos do partido junto ao Banco Schahin – segundo o pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Lula, a instituição financeira emprestou recursos ao PT por meio de 'laranjas' para fazer caixa 2. Rui Falcão informou que "desconhece a realização de empréstimos feitos pelo PT junto ao Banco Schahin".

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