Desmascarado

Ex-diretor da Assembleia confirma: deputado chefiou a própria mãe

Luciano Amaral confirma à PF: JHC lotou mãe no próprio gabinete

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Em depoimento ao delegado da Polícia Federal Alexandre Ferreira Brabo, o ex-diretor-geral do Poder Legislativo de Alagoas, Luciano Suruagy do Amaral Filho confirmou, no final da manhã desta quarta-feira (18) ser sua a assinatura no documento publicado pelo jornalista do Diário do Poder, Davi Soares, que foi acusado pelo deputado federal João Henrique Caldas, o JHC (PSB-AL), de crime eleitoral de falsificação de documento público ou de falsidade ideológica, por denunciar que a mãe do parlamentar foi lotada no gabinete do filho, durante seu mandato de deputado estadual, em 2013.

Em seu depoimento, o ex-diretor-geral da Assembleia Legislativa do Estado de Alagoas (ALE) reforçou a veracidade da informação contida na certidão de outubro de 2013, publicada pelo Diário do Poder em 27 de agosto de 2016, durante a campanha de JHC a prefeito de Maceió. O que atesta que a mãe do parlamentar, Eudócia Caldas, era chefiada pelo filho, enquanto o então deputado estadual JHC denunciava esquemas na ALE, em 2013.

Ilustração de Beppe Grillo sobre censura

O ataque à liberdade constitucional de imprensa configurado na farsa montada pelo deputado federal JHC contra o jornalista Davi Soares começou a desmoronar diante da PF na manhã de terça-feira (19), quando o correspondente do Diário do Poder entregou ao delegado Alexandre Brabo a cópia autenticada da certidão dada como falsa pelo parlamentar, além de áudios de autoridades que confirmam a artimanha utilizada pelo deputado que manteve sua mãe dispensada de bater ponto, vivendo em Brasília-DF, com o salário de R$ 9 mil da Assembleia, em 2013.

A notícia crime de JHC contra Davi Soares e Luciano Amaral foi formalizada à 54ª Zona da Justiça Eleitoral de Alagoas no mesmo dia da publicação da certidão, foi encaminhada ao Ministério Público Eleitoral, que determinou que a Polícia Federal apurasse o caso.

NÃO MUDOU LOTAÇÃO

Em seu depoimento, Luciano Amaral se contrapôs à informação da Divisão de Registros Funcionais da Assembleia Legislativa, repassada à PF em 29 de setembro de 2016, dando conta de que Eudócia Caldas estava com pagamento sustado entre setembro de 2013 e fevereiro de 2015, motivo pelo qual o Legislativo não constaria informação sobre a lotação da mãe de JHC em 22 de outubro de 2013, data da certidão apontada como falsa pelo parlamentar.

O ex-diretor-geral da ALE, que assinou a certidão publicada pelo jornalista, esclareceu à PF que a suspensão do pagamento de Eudócia Caldas se deu devido ao fato de a servidora efetiva ter faltado ao recadastramento de servidores do Legislativo, em 2013. Coincidentemente, tal recadastramento foi deflagrado após o jornalista Davi Soares publicar pela primeira vez, em junho de 2013, em seu Blog Sonar Alagoas, a denúncia feita pelo então presidente da Assembleia, Fernando Toledo, de que JHC chefiava a mãe em seu gabinete.

Em seu depoimento à PF, Luciano Amaral afirmou que: “Tanto Eudócia Caldas, quanto outros servidores que não compareceram ao recadastramento tiveram seus vencimentos suspensos. Que a condição de suspensão do vencimento não implica em mudança de lotação do servidor. Que a lotação de Eudócia Caldas continuou sendo no gabinete de João Henrique Caldas, mesmo respondendo a processo administrativo e com os vencimentos suspensos. […]Que ressalta novamente que os dados constantes da certidão apresentada são verdadeiros e fidedignos com as informações constantes da ficha de funcionário da senhora Eudócia Caldas”.

Eis a cópia da certidão com autenticação original, dada como falsa e falsificada pelo deputado JHC, que foi entregue voluntariamente pelo jornalista Davi Soares ao delegado federal Alexandre Brabo, na última terça-feira:

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