Fraude até na votação

DF: após fraude, deputados cassam Raad com 18 votos

Ele perdeu o mandato no DF acusado de embolsar dinheiro público

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Com 18 votos favoráveis, os deputados cassaram o distrital Raad Massouh (PPL) na segunda votação da Câmara Legislativa. Houve duas abstenções e três votos contrários a cassação. Os deputados tiveram de votar duas vezes por que a primeira teve de ser invalidada por suspeita de fraude. Na contagem dos envelopes, haviam 24, apesar de só 23 distritais terem votado. Raad se absteve. O presidente da Câmara, Wasny de Roure, pediu que fosse efetuada nova votação.

Os parlamentares  depositaram os envelopes na urna. A decisão seguiu em ordem alfabética. Na cabine, eles encontraram quatro cédulas para a votação: uma em branco, outra com sim, outra com  não e uma de abstenção. Os deputados deveriam colocar apenas uma cédula dentro do envelope. Caso houvessem duas, o voto seria anulado. Houve, no entanto, um envelope a mais, vazio em meio aos demais.

As suspeitas de fraude levaram os parlamentares a cobrarem sindicância para apurar os fatos. Chico Leite (PT) e Liliane Roriz (PRTB) pediram que seja aberta investigação para identificar o responsável em colocar um envelope a mais na urna. Alguns defenderam que o papel poderia estar colado a outro. Difícil é entender como dois envelopes “grudados” entraram no estreito buraco da urna sem que nenhum parlamentar percebesse.

Mais cedo, Raad defendeu-se dizendo que ?não faria maracutaia com R$ 47 mil. Se fosse para fazer, faria com uma quantia muito maior”, disse. Todos os 24 deputados distritais participam da sessão extraordinária. Raad é acusado de desviar dinheiro de emendas parlamentares em shows em Sobradinho, em 2010.

adilaAs defesas e acusações não interessavam à mulher do parlamentar, a ex-miss Ádila Massouh, que jogava Candy Crush durante a sessão. Ela também mandou mensagens para o filho, que estava preocupado com o futuro do pai e perguntava o que ela achava da sessão.

Já o diretor do DFTrans, Marco Antônio Campanella (PPL), fazia uma lista dos possíveis votos dos parlamentares. No papel, ele colocou o nome de quem votaria de acordo com o governador Agnelo Queiroz (PT). Em resposta às acusações, Campanella alegou ter escrito “agenda”. Mas a clara grafia na foto mostra o nome do governador. campanella

Antes de Raad se defender, o relator do processo de cassação, deputado Joe Valle (PDT) defendeu parecer que pedia a perda de mandato do parlamentar. Joe deixou claro que as denúncias são muito graves.  O corregedor da Casa, Patrício (PT) também pontua a seriedade das acusações de corrupção que mancham a Câmara Legislativa. “A desembargadora não faria escutas à-toa. O Conselho vai se reunir para decidir se acata a denúncia”, diz Patrício.

Já o deputado Chico Vigilante (PT) alegou que ter orientado a bancada petista a votar pela cassação porque não conseguiu prender aqueles que oferecem propina a parlamentares da Casa. O deputado Michel (PP) considera o voto secreto apenas cumprimento de uma decisão judicial. É que os deputados se  esconderam atrás de uma cortina da Justiça para não revelar o voto. Onze chegaram a anunciar ao Diário do Poder que cassariam o parlamentar.

Na tribuna, o deputado Chico leite (PT) alegou haver parlamentares ‘mascarados’ na Câmara Legislativa. Ele citou a posição do ministro Marco Aurélio, do  Supremo Tribunal Federal, que manifestou-se contrário ao voto secreto na Câmara Legislativa. Ele ainda defendeu que a votação não deve ser política, mas pelos autos. Na réplica, o deputado Raad Massouh suplicou que não deveria ser cassado por causa de meia dúzia de deputados que não gostam dele. E acabou aplaudido pela platéia de cerca de 50 pessoas que participava da sessão.

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