Espionagem da Abin é legal, palpita o ministro da Justiça

O ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) nada tem com o assunto, afeto ao Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República e, vá lá, ao Ministério das Relações Exteriores, mas, especialista em dar palpites, ele defendeu nesta terça-feira (5) a atuação da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), acusada de espionar funcionários de embaixadas estrangeiras em missão diplomática no Brasil. Ele classifica o fato como ?contrainteligência?, que nada tem a ver com as violações de privacidade praticada nos Estados Unidos. ?Vejo situações completamente diferentes e qualquer tentativa de confundi-las me parece equivocada?, disse. ?O que houve em relação ao Brasil e outros países foi uma violação. Mensagens e ligações telefônicas foram violadas, o que afronta a soberania brasileira. Por isso, o Brasil teve uma reação forte. Já no que está sendo chamado de espionagem brasileira, trata-se, na verdade, de contraespionagem. Pelo que li, não houve violação à intimidade ou aos direitos?, garantiu.

Segundo o ministro, os métodos utilizados pela Abin não violam direitos de privacidade. ?Não houve interceptação telefônica não autorizada pelo Poder Judiciário nem nenhuma ofensa à lei?, afirmou. A ação foi divulgada pela imprensa brasileira com base em relatórios produzidos pela própria agência, que revela que pelo menos três representantes diplomáticos foram seguidos e até fotografados enquanto estiveram no Brasil.

A Abin confirmou, por meio de nota, as operações e garante que todas foram feitas obedecendo a legislação do pais. ?Quando um país acha que há espiões de potências estrangeiras atuando em seu território, faz-se a contraespionagem para verificar se está ou não havendo espionagem. Todos os países fazem e devem fazer contraespionagem. O que não podem é violar os direitos e a soberania das pessoas. Por isso, não vejo nenhum abalo à imagem brasileira?, disse Cardozo.