Lava Jato

Empresário admite compra por R$ 7 milhões para terreno do Instituto Lula

Empresa teria sido usada como laranja na compra do terreno em SP

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Em depoimento ao juiz federal Sérgio Moro nesta quarta-feira, 6, o dono da empresa DAG, Dermeval Gusmão Filho, admitiu que comprou, de forma regular, o terreno onde seria construída a nova sede do Instituto Lula, no valor de R$ 7 milhões. No entanto, o empresário afirma ter sido um laranja.

“O que eu posso dizer pro senhor é que eu fui enganado. Hoje eu entrei aqui como laranja nesse processo e hoje eu vejo que o que eu fui, foi um pato”, afirmou o empresário.

Segundo ele, o primeiro contato que teve com o terreno foi em uma reunião com um então executivo da Odebrecht. "No final de julho de 2010, início de agosto de 2010, fui procurado por Paulo Melo, então diretor da Odebrecht Realizações no Estado de São Paulo, me convocando para uma reunião. Essa reunião aconteceu, primeiramente, no escritório dele. Paulo me coloca uma oportunidade de negócio: a Odebrecht tinha identificado um terreno para construir um empreendimento", esclareceu ao juiz.

Gusmão disse ainda que a Odebrecht não queria, naquele momento, aparecer como a compradora do terreno. "O argumento era de que era um terreno pequeno e que na Odebrecht, por ter um porte maior, os vendedores veriam uma oportunidade de aumentar o valor", afirmou.

O empresário disse também que foi chamado para ser o dono do terreno, com a promessa de ser sócio no futuro. Ele disse a Moro que tinha interesse no negócio. O empresário ainda contou sobre um almoço com o empresário Marcelo Odebrecht, poucos dias depois.

A compra do terreno em São Paulo e de um imóvel vizinho ao apartamento do ex-presidente Lula, em São Bernardo do Campo, são investigados pela operação Lava Jato. Quanto à compra do apartamento, o empresário disse que desconhecia a negociação.

De acordo com a denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal (MPF), esses bens eram propinas do Grupo Odebrecht para o petista.

Lula é réu nesta ação por corrupção e lavagem de dinheiro, por supostamente ter aceitado promessa de vantagem indevida no valor de R$ 12,4 milhões feita por Marcelo Odebrecht.

Ainda conforme o interrogatório de Gusmão, houve uma visita de Lula ao terreno, e o ex-presidente não gostou do espaço. Desta forma, o empresário decidiu colocar o imóvel à venda. Como isto não ocorreu, Gusmão disse que entrou em contato com Paulo Melo para que a Odebrecht adquirisse o bem.

“Esse terreno ficou à venda e não aparecia alguém para comprar, eu cheguei para Paulo e pressionei (…) Ele disse que ia conversar internamente para ver se é possível, aí ele me retorna e diz ‘nós vamos comprar o imóvel na sua mão’”.

De acordo com Dermeval, houve uma negociação triangular para a venda do terreno. Ele vendeu para uma empresa, que vendeu para a Odebrecht. Conforme o empresário, ele recebeu R$ 7,2 milhões pelo terreno.

A defesa do ex-presidente Lula afirmou que “o depoimento prestado hoje por Demerval Gusmão chama a atenção porque afasta o uso de qualquer valor proveniente da Petrobras ou de contabilidade paralela da Odebrecht do cenário da compra do terreno, desmentindo as afirmações de Marcelo Odebrecht e a versão do Ministério Público. Além disso, levanta a possibilidade de que valores desta contabilidade paralela tenham sido desviados por executivos da empresa e atribuídos a terceiros."

 

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