Schahin

Empreiteiro diz ser perseguido por esquema de Cunha

Milton Schahin atribui a perseguição a briga de duas empresas

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O dono do grupo Schahin, Milton Schahin, investigado na Operação Lava Jato, queixou-se de que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha promove um esquema de perseguição às suas empresas, por meio do empresário Lúcio Bolonha Funaro, com suporte de um grupo de parlamentares ligados a Cunha. Funaro admitiu haver procurado parlamentares para denunciar o grupo Schahin. O caso foi revelado pelo jornal O Globo desta segunda-feira (6).

O cerco teria começado há sete anos e, segundo ele, está agora se repetindo na CPI da Petrobras. Há inúmeros requerimentos relacionados ao grupo Schahin apresentados por parlamentares ligados a Cunha.

Milton disse ao jornal como vê tantos pedidos de investigação contra ele:

— Vejo como pura sacanagem do Funaro. Agora você me pergunta: como o Funaro pode ter tanta força? Porque o Eduardo Cunha está por trás. Temos uma pendência muito grande com Funaro, e a ligação de Cunha com ele é muito conhecida. O que é estranho é a Câmara se meter na briga entre duas empresas. O que deputados têm a ver com uma disputa judicial entre empresas?

Eduardo Cunha nega qualquer interferência no episódio. Cunha morou num flat em Brasília de propriedade de Funaro. Este, por sua vez, afirmou que trata do assunto apenas com a polícia e o Poder Judiciário. No entanto, admitiu que procurou parlamentares para denunciar o grupo Schahin.

Para Schahin, é o poder político de Cunha que tem permitido a Funaro, seu principal desafeto, acionar a metralhadora giratória contra as atividades das empresas do grupo

HIDRELÉTRICA

A briga com Funaro data de 2008, segundo a reportaem de Chico de Gois no Globo. A construtora Schahin foi contratada para construir a pequena central hidrelétrica (PCH) de Apertadinho, em Rondônia. Formou um consórcio com a EIT. Quando entregou a obra, a barragem rompeu, causando danos ambientais e obrigando cerca de 200 famílias a deixarem suas casas de forma preventiva.

O acidente causou uma longa briga judicial. Funaro, que representava a empresa Gallway, contratante do empreendimento, teria, na versão de Milton Schahin, prontificado-se a mudar a seguradora da obra, ainda quando o serviço estava sendo executado. A seguradora foi alterada, mas, segundo Schahin, o seguro não foi pago — informação contestada por Funaro.

Com o rompimento da barragem, Funaro foi cobrar a Schahin pelo prejuízo. A empreiteira alega que a causa do acidente foram falhas no projeto, fora da responsabilidade dela. Teve início uma disputa judicial que, segundo cálculos do próprio Funaro, está acima de R$ 1 bilhão.

Além do apartamento de Brasília, uma ligação de Cunha com Funaro é o ex-presidente da Cedae Lutero de Castro Cardoso, que ocupou o cargo por influência de Cunha. Cardoso assessorou a Gallway, que lucraria com a hidrelétrica de Apertadinho e da qual Funaro se apresentava como representante.

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