Operação Lava Jato

Empreiteira tem 10 dias para abrir contratos com Dirceu

Procuradoria suspeita que eram fictícias consultorias do ex-ministro para a Camargo Corrêa

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A Justiça Federal deu prazo de 10 dias para a empreiteira Camargo Corrêa entregar cópia de todos os contratos celebrados com a empresa JD Assessoria e Consultoria, controlada pelo ex-ministro José Dirceu, da Casa Civil do governo Lula. A ordem judicial atende pedido da Procuradoria da República, que investiga a empreiteira no esquema de corrupção e propinas instalado na Petrobrás.

A investigação mostra que a Camargo Corrêa firmou contratos com a JD de Dirceu no valor de R$ 844,6 mil, valor pago parceladamente entre maio de 2010 e fevereiro de 2011. A Procuradoria trabalha com a hipótese de que a JD fazia consultorias fictícias para captar dinheiro de propina para o ex-ministro.

O juiz Sérgio Moro, que mandou a empreiteira entregar as cópias dos contratos com a JD Assessoria, destacou que já foi decretada, a pedido do Ministério Público Federal, a quebra do sigilo bancário e fiscal da empresa do ex-ministro e dos sócios – o próprio Dirceu e seu irmão, Luiz Eduardo de Oliveira e Silva.

O resultado da quebra apontou o pagamento de “expressivos valores” à empresa JD pela OAS ou por suas empresas subsidiárias. A OAS é outra construtora que teria feito parte do cartel que se instalou na Petrobrás e conquistou contratos bilionários da estatal petrolífera entre 2003 e 2014.

Na semana passada, quando foram divulgados dados sobre o faturamento da JD Assessoria e Consultoria, da ordem de R$ 29 milhões em oito anos, o ex-ministro, por meio de sua assessoria de comunicação, esclareceu.

“A JD – Assessoria e Consultoria atuou de 2006 a 2014 prestando assessoria a empresas brasileiras e estrangeiras com foco, sobretudo, em prospecção de negócios no exterior. Foram atendidos cerca de 60 clientes de quase 20 setores diferentes da economia, como Indústrias de bens de consumo, Telecom, Comércio Exterior, Logística, Tecnologia da Informação, Comunicações e Construção Civil.”

Segundo a assessoria de Dirceu, “do total faturado pela consultoria, 85% foi gasto com o pagamento de despesas fixas e operacionais e recolhimento de impostos”.

“A empresa registrou, em média, lucro mensal de R$ 65 mil. O setor industrial foi o mais atendido pela JD, representando 31,79% do total”, destacou a assessoria de imprensa de Dirceu.

“O ex-ministro José Dirceu e a JD Assessoria e Consultoria sempre estiveram à disposição da Justiça e prestaram todos os esclarecimentos solicitados pela 13ª Vara Federal do Paraná no curso da Operação Lava Jato. Conforme já informado à Justiça, a relação comercial da JD com as construtoras investigadas não tem qualquer vínculo com os contratos das empreiteiras com a Petrobrás.”

COM A PALAVRA, A CAMARGO CORRÊA.

“A Construtora Camargo Corrêa reitera que segue à disposição das autoridades para os esclarecimentos necessários.” (AE)

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