Em mais um dia de alta, dólar dispara e fecha a R$ 3,95
Nas casas de câmbio, dólar turismo atingiu R$4,40 nesta sexta
Após a divulgação da arrecadação do governo em agosto, a pior para o mês desde 2010, o dólar à vista no balcão disparou nesta sexta-feira, 18, e fechou em alta de 2,28%, cotado a R$ 3,9500.
Segundo profissionais consultados pelo Broadcast, serviço de informações em tempo real da Agência Estado, o avanço do dólar se deve à contínua demanda defensiva dos investidores antes do fim de semana, em meio ao aumento das incertezas no Brasil depois de o Federal Reserve expressar ontem preocupações com a economia mundial e com a contínua deterioração da percepção sobre a política fiscal do Brasil.
Já a Bovespa mantinha-se em baixa, acompanhando o desempenho negativo dos mercados acionários em Nova York. O Ibovespa perdia mais de 3% perto do fechamento.
O adiamento, pela Receita Federal, dos dados de arrecadação do governo em agosto para 15h30, em vez das 10h30 como estava previsto, gerou ainda mais desconfiança. A Receita atribuiu a postergação do anúncio da arrecadação a "problema na elaboração do material".
O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, quer encaminhar ainda hoje medidas de ajuste fiscal para o Congresso. Ele disse não ter conhecimento de mudanças em medidas que vão cobrir o déficit previsto no Orçamento de 2016. De qualquer forma, conforme fontes disseram ao Broadcast, o governo indicou aos parlamentares da Comissão Mista de Orçamento (CMO) que poderá avançar ainda mais nos cortes de despesas durante as negociações da proposta de Orçamento de 2016.
Os agentes continuam receosos com o risco de o Brasil ver as agências de classificação de risco Moody's e Fitch seguirem pelo mesmo caminho da Standard and Poor's (S&P) e retirar o selo de bom pagador do Brasil. Pesquisa do Bank of America Merrill Lynch com gestores internacionais que aplicam em países emergentes mostrou que 90% deles acreditam que o País vai perder o grau de investimento em pelo menos duas agências.
Outra conclusão do levantamento é que a China ultrapassou o Federal Reserve como maior risco para estes mercados. Entre os emergentes com economias mais deterioradas, o Brasil é o que mostra maior probabilidade de ser classificado como "junk" por ao menos duas agências nos próximos dois anos, segundo o BofA. (AE)