PROVA DO FRACASSO

Em dez meses, crime matou 45,5% a mais, em Maceió, e 15,5%, em Alagoas

Abril ampliou sequência mortal até 10º mês mais violento em AL

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Na contramão das ampliações de investimentos, de efetivo e da pirotecnia de operações policiais alardeadas diariamente na propaganda institucional do governo de Renan Filho (PMDB), Alagoas alcançou, em abril, o 10º mês consecutivo de aumento da violência. De julho de 2016 até abril de 2017, a estatística oficial já registrou um acréscimo de 15,54% nas mortes decorrentes de crimes em Alagoas.

A situação é muito mais grave em Maceió, onde a variação neste mesmo período de tempo atinge um percentual de aumento de 45,5% mais crimes violentos letais e intencionais (CVLIs), na capital alagoana.

Segundo as estatísticas preliminares da Secretaria de Segurança Pública de Alagoas (SSP/AL), neste último mês de abril, Alagoas registrou 163 mortes decorrentes de crimes. O aumento foi de 17% com relação a abril do ano passado. Foi o pior resultado desde 2014.

Em todo o Estado, os últimos dez meses foram os mais violentos, desde o mesmo intervalo de tempo iniciado em 2013. E desde julho de 2016, em Alagoas, houve 231 famílias a mais, chorando pelos seus mortos.

Sob a gestão do atual procurador-geral de Justiça, Alfredo Gaspar de Mendonça Neto, na Segurança Pública, Alagoas conseguiu reduzir em 17,6% as mortes decorrentes de crimes, em 2015, em comparação com o último ano do governo de Teotonio Vilela Filho (PSDB). Mas os números provam o óbvio fracasso da política de segurança pública do coronel da Polícia Militar, Lima Júnior, após suceder Alfredo Gaspar. 

SEM RESULTADO

O fracasso mensal, assistido pela inércia do governador Renan Filho, vem sendo adornado por uma bela propaganda institucional, veiculada nos meios de comunicação, exaltando a aquisição de mais 68 viaturas, para o projeto denominado "Força Tarefa", pagamentos extras para o policiamento ostensivo, laboratório de DNA e o investimento previsto de R$ 72 milhões nas Centros Integrados de Segurança Pública (Cisps). 

Força Tarefa foi lançada por Renan Filho em Maceió (Foto: Márcio Ferreira)O governo de Renan Filho tem exaltado a redução de crimes contra o patrimônio, nas regiões em que a Força Tarefa começou a atuar. Mas os crimes contra a vida avançam, ameaçando seu legado histórico de 2015.

Maceió, por exemplo, é prova da nulidade da ação isolada da Força Tarefa, que não encontra suporte na falta de estrutura da Polícia Civil em concluir inquéritos com qualidade, após os flagrantes. Foi inaugurada na capital em março deste ano e o mês seguinte foi 66% mais violento que abril de 2016. 

Das 231 vítimas letais a mais no Estado governado pelo filho do senador Renan Calheiros (PMDB-AL), 187 foram mortas somente em Maceió. Na capital alagoana, foram 63 mortos registrados em abril, que representa um aumento de 66% em relação a abril de 2016. Quanto aos últimos dez meses, a sequência ampliou a tragédia de 411 vítimas fatais de criminosos, entre julho de 2015 e abril de 2016, para 598, no mesmo período iniciado em julho de 2016.

Nesta quinta-feira (4), uma operação policial policial levou a pirotecnia para o bairro mais populoso da capital alagoana. O objetivo era cumprir 12 mandados de prisão expedidos pela Justiça contra acusados de tráfico, homicídios e roubos. Somente um terço dos alvos foi preso. Quatro prisões. E, após mais uma prova da qualidade de sua atuação, a Segurança Pública de Alagoas resolveu “ocupar” e fazer uma “varredura” no bairro, que tem forte presença do crime organizado. Prendeu mais meia dúzia em flagrantes, à tarde.

A 1ª Região Integrada de Segurança Pública denominada 1ª Risp, na Região Metropolitana de Maceió, obteve o maior aumento da violência letal do Estado, com mais 49% de mortes na capital e em seu entorno. E as causas da violência são as mesmas de sempre: o domínio do tráfico e a falta de políticas integradas de segurança pública, limitadas ao aumento da repressão e policiamento ostensivo.

A única região a reduzir a quantidade de crimes foi a 4ª Risp, no Sertão de Alagoas. Em março ela havia registrado aumento de 117% vítimas fatais de crimes, e, em abril, reduziu 20%, em relação ao mesmo mês de 2016.

A 2ª RISP, que engloba o Litoral Norte e a Zona da Mata, os CVLIs diminuíram 4%. E a violência na 3ª RISP reduziu 5%, na região de Arapiraca, Agreste, Baixo São Francisco e Litoral Sul.

Em abril, nem o governador, nem o secretário responderam ao Diário do Poder se a política implantada por eles está equivocada e se haveria mudanças. Os questionamentos foram reforçados e, mais uma vez, nenhuma resposta foi dada à reportagem. 

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